Ainda é incipiente, apesar dos crescentes rumores, a ideia da oposição de criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) para investigar o acordo selado entre o governo do estado e o Grupo Odebrecht, com o objetivo de resolver um imbróglio judicial envolvendo a Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia (Cerb), no governo Jaques Wagner. Segundo delatores da Odebrecht, por esse trato, o ex-governador e atual secretário estadual de Desenvolvimento Econômico teria recebido da empreiteira R$ 10 milhões em “vantagens indevidas”. É o que consta na petição encaminhada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, à Procuradoria da República na Bahia e à Justiça Federal na Bahia. Segundo deputados da oposição ouvidos pelo Bahia Notícias, o movimento pela instauração do colegiado começa a crescer, mas ainda não foi discutido formalmente pela bancada. Um parlamentar disse à reportagem que a necessidade da CPI ficou ainda mais flagrante após o procurador-geral do Estado, Paulo Moreno, e Jaques Wagner darem versões diferentes sobre uma suposta ingerência do governo estadual no acordo. Em entrevista ao BN, Moreno negou qualquer influência no acordo para resolução do litígio judicial. No entanto, Wagner afirmou ter negociado com a Odebrecht a redução da dívida da Cerb com a empreiteira, o que levou o montante a cair de R$ 1,3 bilhão para R$ 220 milhões, pagos em 100 parcelas. Já outro deputado oposicionista defendeu que é necessário avaliar com muita cautela a viabilidade de uma CPI. Com maioria na Casa, o governo poderia pleitear a relatoria e a presidência da comissão, o que daria à situação a oportunidade de conduzir os trabalhos do colegiado à sua maneira. Segundo este parlamentar, não é benéfico para a oposição o desgaste de enfrentar uma CPI “chapa-branca”, assim como poderia acontecer com a do Centro de Convenções, arquivada após o bloco retirar os nomes que a comporia. A despeito do debate iniciado na oposição, o ex-governador Jaques Wagner ironizou uma possível CPI da Cerb. Ao Bahia Notícias, ele sugeriu à AL-BA uma outra Comissão Parlamentar de Inquérito. “Faço uma sugestão à oposição: antes da Cerb, eles podem abrir uma CPI dos Emissários Submarinos da Boca do Rio. [O contrato] Foi assinado no governo deles com a Odebrecht. Eu cancelei, mandei recalcular o valor, e derrubamos em 50%, 60% o preço. Poderia perguntar por que o governo anterior ao meu assumiu um contrato superfaturado”, sugeriu. Este emissário foi inaugurado em maio de 2011 e lança no mar todo o esgoto que vem das casas e prédios da área norte da capital baiana, do Subúrbio Ferroviário e de Lauro de Freitas, sem poluir o meio ambiente.
Bahia Notícias