O sistema de consórcios apresentou uma alta no início de 2018 em comparação ao mesmo período de 2017 e cresceu 8,4% em todas as modalidades. No acumulado, as adesões em 2018 foram de 577 mil contra 532,5 mil em 2017. As vendas de veículos leves — carros, utilitários e caminhonetes — cresceram 4,6% em relação ao ano anterior.
Para o R7, Paulo Roberto Rossi, presidente-executivo da ABAC (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios), explica que o crescimento no consórcio de veículos leves mostra a importância do segmento para o sistema.
— Tivemos um aumento que varia todos os meses, mas foi só de participantes ativos teve um aumento de 51,2% em todo o sistema. Um dado curioso é que 75% dos consorciados optaram por veículos seminovos.
Mudança de comportamento
Há cinco anos, 2,42 milhões de pessoas optavam pelo consórcio de veículos leves. Em 2018, porém, o número saltou para 3,56 milhões. Rossi avalia que a busca por consórcios aumentou devido à crise.
— O comportamento do consumidor mudou nos últimos anos. A crise faz os consumidores investirem mais em consórcio. Isso porque o brasileiro passou a ficar mais atento às finanças. Na crise, ele substitui a compra impulsiva pela planejada, independentemente do veículo que a pessoa estiver interessada em comprar.
Com a crise, os consórcios também precisaram se adaptar ao novo perfil dos consumidores.
— Consórcio tem um custo menor do que outras linhas de financiamento. Mas no novo cenário econômico, houve um alongamento na quantidade de prestações. Como o orçamento estava curto para todos, a prestações passaram de 50 meses para até 80 meses, aí o valor para pagar por mês ficou menor e melhora o caráter psicológico.
Riscos
Mas o consórcio também oferece riscos se o consumidor, pois existem empresas que agem de má fé.
— É preciso buscar uma empresa que seja autorizada pelo Banco Central. Se não estiver, é golpe. O consumidor também precisa ler o contrato com bastante atenção para saber quais são os seus direitos e as suas obrigações.
Além disso, o consorciado precisa estar ciente que pode ser sorteado apenas no final do prazo.
— Como são muitas prestações, é bom saber como é realizado o sorteio, como é feito o reajuste das prestações, estar informado sobre as taxas da administradora.
Rossi ainda alerta para o perigo de ser enganado ao acreditar em valores muito abaixo do praticado pela tabela de mercado.
— Muitas empresas se passam por consórcio e ludibriam o consumidor. Essas empresas não-autorizadas fazem preços mais baixos e o consumidor não pode acreditar em promessas. As regras sobre as empresas credenciadas são bem claras no Banco Central.
Antes de entrar em um consórcio, o comprador deve ficar atento à saúde financeira da empresa. O grau de inadimplência dos clientes da empresa é outro fator importante para se verificar.
Perfil do consorciado
O brasileiro que mais investe em consórcio pertence às classes C (39%) e D (34%), somando 73%. De acordo com os critérios do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a renda familiar destes grupos é de: R$ 1.255 a R$ 2.004 (Classe D) e R$ 2.005 a R$ 8.640 (Classe C). A classe B marca 20% de presença em consórcios e a classe A fica com 7%.
Do total, 54% dos consorciados têm mais de 40 anos. Destes, a maioria é casada (65%).
Confira abaixo os principais dados sobre consórcio de veículos leves dos últimos 5 anos
Participantes ativos consolidados (Total de Consorciados):
2014: 2,42 milhões
2015: 3,03 milhões
2016: 3,22 milhões
2017: 3,43 milhões
2018: 3,56 milhões
Vendas de novas cotas:
2014: 231 mil
2015: 240 mil
2016: 219,3 mil
2017: 254,6 mil
2018: 266,3 mil
Volume de créditos comercializados:
2014: R$ 9,78 bilhões
2015: R$ 10,29 bilhões
2016: R$ 8,67 bilhões
2017: R$ 10,54 bilhões
2018: R$ 11,03 bilhões
Contemplações:
2014: 108,5 mil
2015: 126 mil
2016: 137,3 mil
2017: 132,5 mil
2018: 144 mil
Volume de créditos disponibilizados:
2014: R$ 4,39 bilhões
2015: R$ 5,12 bilhões
2016: R$ 5,56 bilhões
2017: R$ 5,41 bilhões
2018: R$ 5,87 bilhões
R7