O crítico literário Alfredo Bosi morreu, aos 84 anos, na manhã desta quarta-feira (7) por complicações da covid-19. A informação foi divulgada pela ABL (Academia Brasileira de Letras), por meio de um comunicado emitido nas redes sociais da entidade, na qual o professor fazia parte.
O quadro clínico do mestre se agravou após uma pneumonia desenvolvida enquanto ele se recuperava da covid-19.
“A tanta dor, soma-se a morte do admirável acadêmico Alfredo Bosi. Sou tomado de profunda emoção. Nem encontro palavras. Escrevo com olhos marejados. Bosi: um homem de profunda erudição, humanista inconteste, um homem que estudou o Renascimento e que o representou. Realizou uma abordagem nova da cultura do Brasil. Dialética da colonização é um clássico desde o nascedouro. Sem Ecléa, sua querida companheira, o mundo ficou mais áspero, ele, o suave, o profundo e delicado espírito. Sabia Dante e Machado, com a mesma intimidade, Gadda e Guimarães Rosa. Em tanta dor, essa que nos fere. Jamais relegou a segundo plano os direitos civis e as liberdades. Amado amigo, fraterno, radical”, declarou o presidente da ABL, Marco Lucchesi.
“Lamento muitíssimo a morte de Alfredo Bosi, um dileto amigo, intelectual da mais alta envergadura, admirável ser humano, com quem tive a alegria e a honra de conviver, e que sempre considerei um de meus grandes mestres”, afirmou o acadêmico.
Alfredo Bosi é o sétimo ocupante da Cadeira nº 12. Foi eleito em 20 de março de 2003, na sucessão de Dom Lucas Moreira Neves, e recebido em 30 de setembro de 2003 pelo acadêmico Eduardo Portella. O acadêmico nasceu em São Paulo, capital, em 26 de agosto de 1936. Foi casado com a psicóloga social, escritora e professora do Instituto de Psicologia da USP, Ecléa Bosi, com quem teve dois filhos, Viviana e José Alfredo.
Descendente de italianos, logo depois de se formar em Letras pela USP (Universidade de São Paulo), em 1960, recebeu uma bolsa de estudos na Itália e ficou um ano letivo em Florença. De volta ao Brasil, assumiu os cursos de língua e literatura italiana na USP. Embora professor de literatura italiana, seu interesse pela literatura brasileira o levou a escrever os livros Pré-Modernismo (1966) e História Concisa da Literatura Brasileira (1970).
Em 1970, decidiu-se pelo ensino de literatura brasileira no Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, da qual foi Professor Titular de Literatura Brasileira. Ocupou também a Cátedra Brasileira de Ciências Sociais Sérgio Buarque de Holanda da Maison des Sciences de l’Homme (Paris).
Foi vice-diretor do Instituto de Estudos Avançados da USP de 1987 a 1997. Nesse último ano, em dezembro, passou a ocupar o cargo de diretor. Entre outras atividades no IEA, coordenou o Educação para a Cidadania (1991-96), integrou a comissão coordenadora da Cátedra Simón Bolívar (convênio entre a USP e a Fundação Memorial da América Latina) e coordenou a Comissão de Defesa da Universidade Pública (1998). Desde 1989 era editor da revista Estudos Avançados.
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