O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) realizará em julho um curso para profissionais da Secretaria Municipal de Educação de como lidar nas escolas em situações de violência. O ensinamento será depois repassado a professores que ensinam em localidades em áreas de risco do Rio de Janeiro.
A princípio o curso será apenas teórico com duração de 5 dias, totalizando uma carga horária de 36 a 40 horas e será dividido em vários módulos temáticos como gestão de crise, situações de violência armada no município e os impactos dela sobre as unidades de órgãos públicos. Já para os professores que serão treinados posteriormente por esses profissionais da secretaria, há a necessidade de aplicar exercícios de simulação dessas situações de violência.
Segundo a chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, Talma Suane, a ideia do curso surgiu após uma situação ocorrida no Complexo da Maré, na zona norte, antes do carnaval desse ano, cujas imagens comoveram a secretaria, que começou a busca por uma solução.
Uma briga entre facções rivais pelo domínio dos pontos de venda de drogas na comunidade resultou em troca de tiros, o que impediu o funcionamento das escolas públicas da região por três dias seguidos. De acordo com Talma, após esse episódio, foi formado um grupo com integrantes da Secretaria de Educação, da região administrativa, além de 6 diretores de unidades escolares. Foram diversas reuniões até que foi pedida a ajuda do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que já tinha experiência com treinamentos anteriores.
O treinamento não será obrigatório para todos os profissionais. No entanto, a escola terá um gestor responsável e um plano de ação previamente traçado para as situações de violência.
Talma Suane disse que a secretaria dará prioridade a áreas com mais incidência de violência, como o Complexo da Maré e do Alemão e a Cidade de Deus.
Ela deixou claro que o curso não é um treinamento de guerra e sim de proteção às vidas. “Não queremos que as pessoas digam que as escolas estão começando um treinamento de guerra, pelo contrário, nossa intenção é a proteção do ser, a proteção da vida. O curso é para que professores e gestores saibam lidar com situações de risco que são frequentes nessas regiões. Quando não se tem o conhecimento, gera-se pânico. Logo nosso objetivo é justamente ensinar esses profissionais a bolarem um plano de ação para essas situações”, explicou Talma Suane.
De acordo com a coordenadora de comunicação e porta-voz da delegação regional do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Sandra Lefcovich, o comitê acredita que o treinamento ajudará a Secretaria de Educação a ter mais controle sobre as situações de violência que ocorrem em regiões conflagradas da cidade.
“O CICV acredita que o prévio conhecimento de como se comportar em uma situação de emergência contribui para que as pessoas mantenham a calma e estejam preparadas para agir, diminuindo as chances de se tornarem vítimas”, disse a coordenadora.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha já havia realizado um projeto anterior entre 2009 e 2013, atuando em parceria com autoridades locais e comunidades nas áreas da saúde e educação para limitar e aliviar as consequências resultantes da violência armada em 7 favelas. Entre as atividades desenvolvidas pelo projeto, foram realizados trabalhos em escolas de ensino médio com a Secretaria Estadual de Educação e com 12 escolas municipais do Complexo da Maré.
Agência Brasil