Esqueça o brinquedo de R$ 1,99 que você demora semanas, quiçá meses, para resolver – quando não o perde naquela gaveta nefasta da sua casa. Para os cubistas, cubo mágico é esporte e os speedcubers brigam para ver quem resolve a peça no menor tempo. Em poucos segundos, com olhos firmes e mãos velozes, os jogadores dessa modalidade são capazes de resolver qualquer combinação em tipos diferentes de cubo. A prática, agremiada por uma organização baiana de cubistas, terá um campeonato realizado em Salvador neste sábado (2) no colégio Ifba.
Cerca de 60 competidores irão disputar nas oito modalidades do Ifba Cube 2017 para descobrir quem resolve mais rápido o quebra-cabeça. Além do clássico 3X3, 3 colunas e 3 linhas, entram em campo os cubos 2×2, 4×4, 5×5, 3X3 resolvidos com uma mão, cubos que são Pirâmides (Pyraminx) e o Skewb, modalidade que premiará os mais rápidos com 14 peças profissionais para cubistas. Os prêmios estão avaliados em R$ 100 por unidade, em média.
No dia, cada competidor leva seu próprio equipamento e cabe a um delegado orientado pela World Cube Association (Associação Mundial de Cubos) julgar se a peça pode ou não participar da disputa. Os cubos devem seguir padrões de cores rígidos e ter uma estrutura específica para serem aprovados. Vence o competidor que obtiver a menor média de tempo na solução de 5 tentativas, onde o melhor e o pior tempo são descartados. Quem marca o tempo é o mesmo timer usado na disputa irmã do cubismo: a montagem de torre de copos. As regras ainda não permitem que o competidor resolva o cubo usando fones de ouvido.
Competidor
Um dos organizadores do Ifba Cube 2017 e cubista há 16 anos, Rafael Santana (28) iniciou sua carreira com as boas e velhas peças de R$ 1,99. Hoje, o acervo do esportista conta com 20 cubos de modelos diferentes, um total de 40 peças guardadas em um canto especial do seu armário. Apesar do número parecer surreal para um amador ter em casa, Rafael lembra que o maior colecionador do Brasil, o paulista Fábio Didi, detém mais de mil cubos diferentes.
Santana compete com o mesmo cubo há três anos. É o preferido pela pegada, pela agilidade e pelas cores que agradam o esportista. O querido, como também os outros da coleção, recebe atenção especial para ter uma vida útil maior. “Limpo com lubrificante em spray a base de silicone (que não agride o plástico)”, comenta. “Para o exterior não pode passar álcool, pois resseca o material”, completa minuciosamente Rafael.
Segundo o profissional da categoria, um cubista que se preze realiza 100 resolução de cubo mágico por dia “para ver a média de tempo”. Em geral, uma boa marca para se resolver um 3X3 não passa da casa dos 20 segundos. As montagens são guiadas por técnicas que combinam as posições das cores e posterior resolução em 7 passos. Mas cubistas mais profissionais conseguem resolver em menos, comenta Rafael, que ainda recorda que alguns amigos acreditam que as habilidades do cubista “só podem ser coisa do demônio”.
Associação Baiana de Cubo Mágico
Para divulgar e enaltecer o brinquedo na Bahia, um grupo de cubistas procura sempre marcar presença em eventos na cidade. Eles são a Associação Baiana de Cubo Mágico, que localiza novos cubistas e realiza campeonatos por todo o estado, como nos municípios de Feira de Santana e Alagoinhas. Ao todo, 130 pessoas participam do grupo da associação no aplicativo Whatsapp. Mas Rafael conhece pelo menos 250 pessoas que praticam o cubismo na Bahia
A brincadeira está ficando tão séria no nosso estado que, só no último campeonato brasileiro de cubo mágico, 10 baianos foram para Brasília competir, voltando com medalhas e recordes. Como foi o caso da baiana Marjorie Marbly, recordista brasileira no cubo 7X7 e recordista sul-americana na resolução profissional de um 6X6.
Apesar das agremiações e campeonatos, o cubismo ainda não é reconhecido oficialmente como um esporte no Brasil. Mas isso pode estar perto de mudar. Um projeto de lei quer transformar os chamados “jogos da mente” em modalidades esportivas reconhecidas pela Constituição. Se passar, práticas como a Canastra, o Dominó, o Gamão, o Truco e o Cubo viram esporte.
E quanto custa?
Quem quiser ser cubista precisa, além dos treinos e da dedicação no aprendizado das técnicas de resolução, investir na carreira. Normalmente um cubo profissional 3X3 custa, em média, R$ 90. Mas os valores chegam até R$ 200. A novidade no mercado são os cubos magnéticos, equipados com ímãs que ajudam na velocidade da movimentação das linhas e colunas. A dica para quem quiser gastar menos é adquirir seu cubo no fora do Brasil, em sites. Mas existe risco de taxação pela Receita Federal.
SERVIÇO:
O QUÊ: Campeonato de Cubo Mágico
QUANDO: Sábado, 2 de dezembro
ONDE: Colégio IFBA – Barbalho – Salvador
VALOR: Entrada Gratuita
Bahia Notícias