Na natureza, muitas espécies de plantas desenvolvem formas de coexistir em que umas auxiliam na proteção das outras. Atento a estas lições, o homem pôde compreender melhor como funcionam estes mecanismos e, ao longo dos anos, os incorporou aos processos produtivos de modo a usufruir dos recursos naturais reduzindo os impactos ao meio ambiente. Um exemplo disso é a tecnologia aplicada aos cultivos de eucalipto e ao uso de sua madeira. Quase sempre implantados em áreas que os alternam com vegetação nativa, estes plantios fornecem a madeira necessária para fins industriais, permitindo que a vegetação nativa seja poupada do corte para atender às demandas do mercado. “No Brasil, as áreas de florestas plantadas, apesar de ocuparem apenas 1% do território, fornecem 91% da madeira utilizada para fins industriais”, exemplifica Mario Ladeira, gerente sênior de Pesquisa e Desenvolvimento e Meio Ambiente da Bracell Bahia, que faz parte do grupo RGE, que gerencia empresas com operações globais de manufatura baseadas em recursos naturais.
Para ele, não restam dúvidas de que os plantios de eucalipto ajudam a proteger as florestas nativas. Do contrário, como seria possível suprir as necessidades de consumo de bilhões de pessoas em todo o mundo por produtos como papel, madeira, medicamentos, cosméticos, alimentos, tecidos e tantos outros que hoje contam com celulose em sua formulação? “A celulose é uma fibra natural existente nas plantas que, após ser processada pela indústria, pode ser utilizada em produtos de uso diário na vida de todas as pessoas. E por ser obtida, principalmente, da madeira de eucalipto plantado para este fim, sua produção agrega serviços ecossistêmicos que, como sabemos, sustentam a vida no planeta”, destaca Ladeira.
Na visão dele, o cultivo de eucalipto engloba as quatro categorias que compõem os serviços ecossistêmicos: os serviços de regulação, de provisão, culturais e de suporte. “Isso agrega enorme valor à atividade florestal, uma vez que o consumidor tende a valorizar e priorizar as empresas que produzem a partir de fontes renováveis. E o eucalipto tem papel importante neste contexto porque fornece a madeira com a qualidade ideal, sem que haja a necessidade de recorrer às árvores nativas para suprir as necessidades de um mercado cada dia mais consciente e exigente”, explica.
Como qualquer árvore, dentre os serviços de regulação, o cultivo de eucalipto contribui para o controle do clima, absorção e estoque de gás carbônico e fluxo hídrico, dentre outros benefícios. Quanto aos serviços de provisão, o eucalipto fornece madeira, fibra e biomassa, integrando-se ao ecossistema e permitindo sua produção intercalada com outras culturas. Em relação aos chamados serviços de suporte, os plantios auxiliam na conservação do solo, promovem a fotossíntese, a dispersão de sementes, a ciclagem de nutrientes e a manutenção dos corredores ecológicos. Já os serviços culturais podem ser encontrados nas atividades voltadas à educação ambiental, recreação, ecoturismo e pesquisa.
Ladeira salienta que todos estes serviços são possíveis graças às boas práticas adotadas pelas indústrias do setor, em geral. “Técnicas como a formação dos mosaicos florestais, que intercalam os plantios com áreas de nativa, o controle biológico, que prioriza o uso de predadores naturais das pragas do eucalipto ao invés de defensivos químicos, e o cultivo mínimo, que inclui a manutenção das cascas, folhas e galhos de eucalipto no campo após a colheita para proteção do solo contra erosão, são algumas das tecnologias que fazem com que a atividade florestal baiana e brasileira seja uma referência mundial”, acrescenta.
Outro aspecto positivo, na visão dele, é que os conhecimentos adquiridos pelas empresas do setor não são tratados como ‘segredo’. “Pelo contrário, compartilhamos os conceitos e práticas para que mais e mais atividades e, por consequência, mais pessoas sejam alcançadas por estes benefícios”, afirma. De acordo com ele, um exemplo é o Programa de Parceria Florestal (PPF) da Bracell, que agrega produtores rurais do Litoral Norte e Recôncavo da Bahia ao processo produtivo do eucalipto. “Ao aderir ao programa, os produtores incorporam as mesmas práticas de preservação ambiental adotadas pela empresa nas suas propriedades, com base na legislação. E isso tem um impacto importante uma vez que, em 2020, o volume de áreas cultivadas em parceria pela Bracell respondeu por 42,3% do total plantado pela empresa na Bahia e em São Paulo”, declara.
Eucalipto na Bahia
Posicionada no quarto lugar do ranking nacional de estados que mais produzem eucalipto, a Bahia conta atualmente com 618 mil hectares de plantações florestais – 95% deles com eucalipto. Dados da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (Abaf) apontam que, em 2020, o setor exportou US$ 1,17 bilhão, o que corresponde a cerca de 15% das vendas do estado para o mercado internacional.
Bracell
A empresa é uma das maiores produtoras de celulose solúvel e celulose especial do mundo, com duas principais operações no Brasil, sendo uma em Camaçari, na Bahia, e outra em Lençóis Paulista, em São Paulo. Além de suas operações no Brasil, a Bracell possui um escritório administrativo em Cingapura e escritórios de vendas na Ásia, Europa e Estados Unidos.
Sobre a RGE
A RGE Pte Ltd gerencia um grupo de empresas com operações globais de manufatura baseadas em recursos naturais. As atividades vão desde o desenvolvimento e a colheita de recursos sustentáveis, até a criação de diversos produtos com valor agregado para o mercado global. O compromisso do grupo RGE com o desenvolvimento sustentável é a base de suas operações. Todos os esforços estão voltados para o que é bom para a comunidade, bom para o país, bom para o clima, bom para o cliente e bom para a empresa. A RGE foi fundada em 1973 e seus ativos atualmente ultrapassam US$ 20 bilhões. Com mais de 60.000 funcionários, o grupo tem operações na Indonésia, China, Brasil, Espanha e Canadá, e continua expandido para envolver novos mercados e comunidades. www.rgei.com