A recente morte da dançarina de Claudia Leitte, devido a complicações do lúpus, trouxe à tona a urgência de um diagnóstico precoce e da disponibilidade de tratamentos eficazes para essa doença autoimune. O lúpus, que pode afetar múltiplos órgãos e sistemas corporais, apresenta sintomas variáveis e, muitas vezes, é confundido com outras condições, dificultando sua identificação. Segundo a Dra. Viviane Machiccado, reumatologista do Instituto Bahiano de Imunoterapia (IBIS) – centro referência no tratamento dessa condição em Salvador -, esse atraso no diagnóstico pode ser fatal, já que muitos pacientes enfrentam uma longa jornada até receberem a atenção especializada necessária. A identificação prévia da doença é fundamental, pois permite a introdução de terapias antes que danos significativos ocorram. “Iniciar o tratamento adequado logo após o diagnóstico pode reduzir a frequência e intensidade das crises, protegendo órgãos vitais como os rins e melhorando significativamente a qualidade de vida dos pacientes”, alerta a médica.
Terapias biológicas
Nos últimos anos, houve avanços promissores no tratamento do lúpus, com o desenvolvimento de novas terapias biológicas. Medicamentos como o Anifrolumabe e o Belimumabe têm mostrado eficácia em melhorar o controle da doença. O Belimumabe, por exemplo, é o primeiro medicamento biológico aprovado para a nefrite lúpica e agora está incluído no Rol de Procedimentos da ANS, ampliando o acesso a tratamentos inovadores.
A inclusão do Belimumabe nos planos de saúde representa um avanço significativo para os pacientes, oferecendo uma alternativa além das terapias imunossupressoras tradicionais. “Este medicamento, quando combinado com outras terapias, pode reduzir a atividade da nefrite lúpica e melhorar a função renal, diminuindo a necessidade de altas doses de corticosteroides”, afirma a Dra. Machiccado.
Além do Belimumabe, o Anifrolumabe, um anticorpo que bloqueia o receptor do interferon tipo I, também está disponível no Brasil, oferecendo uma opção para pacientes com lúpus moderado a grave. No entanto, o uso desses medicamentos biológicos requer critérios rigorosos de elegibilidade, incluindo a falha do tratamento convencional e a persistência da inflamação.
De acordo com a profissional, os medicamentos biológicos, embora eficazes, não são isentos de riscos. Eles podem aumentar o risco de infecções e reações alérgicas, tornando o acompanhamento médico regular indispensável para monitorar a atividade da doença e ajustar o tratamento conforme necessário. Pesquisas futuras exploram terapias inovadoras, como as células CAR-T, que prometem potencialmente eliminar a autoimunidade, mas ainda precisam de estudos adicionais para comprovar sua eficácia e segurança.
A médica destaca que é fundamental que as pessoas estejam atentas aos sintomas e busquem tratamento adequado o mais rápido possível, uma vez que a disseminação de informações sobre novos tratamentos e a ampliação do acesso a terapias modernas são passos vitais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir as complicações associadas ao lúpus.