Em mobilização total para evitar o primeiro rebaixamento de sua história, o Inter vai até os tribunais para tentar garantir a permanência na Série A. O Colorado enviou nesta quinta-feira um documento ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) no qual alega ter novas provas acerca de uma suposta irregularidade na inscrição do zagueiro Victor Ramos, do Vitória.
A intenção do departamento jurídico do clube é de que os documentos sejam anexados ao processo 71, referente a uma notícia de infração efetuada pelo Bahia contra o jogador, para que o Colorado possa entrar como terceiro interessado no caso. A partir de agora, a Procuradoria tem três dias úteis para aceitar, ou não, as evidências enviadas pelo clube.
O Inter alega que o Leão utilizou de forma irregular o defensor em 26 partidas do Campeonato Brasileiro e pede que o caso seja enquadrado de acordo com o Artigo 214 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que trata de escalação irregular de atletas e prevê como pena, em caso de condenação, perda de pontos.
– (As evidências) servirão para ratificar a gravidade, e comprovar a má fé da conduta dolosamente praticada pelo E.C Vitória – diz um trecho do documento.
A queixa do clube tem a ver com a transferência do defensor para o clube baiano após o término de seu empréstimo ao Palmeiras, que defendeu em 2015. Ramos tem seus direitos ligados ao Monterrey, do México. Ocorre que o atleta estava registrado no TMS (Transfer Matching System) da Fifa como jogador do Palmeiras, com contrato ativo com o clube paulista. Tal transação teria sido feita sem seguir os passos recomendados pela entidade numa negociação internacional
O clube gaúcho cogita, inclusive, voltar à Fifa, onde existe um processo em aberto ainda do Campeonato Baiano. Outra possibilidade é acionar a Justiça Comum indo adiante no caso que começou com ações no Tribunal de Justiça Desportiva da Bahia – com o Flamengo de Guanambi e o Bahia – e que já foi arquivado e desarquivado pelo STJD.
Em entrevista recente ao GloboEsporte.com, o diretor de registro e transferência da CBF, Reinaldo Buzzoni, disse que não há irregularidade no registro de Victor Ramos. Buzzoni reconhece que o procedimento não foi o correto, mas afirma a irregularidade existiria pela falta do ITC (o certificado internacional de transferência), o que não aconteceu. Para ele, o STJD não deve nem aceitar a denúncia do Inter.
Não foi a primeira vez que o assunto entrou em pauta. A primeira polêmica surgiu ainda durante a disputa do Campeonato Baiano. À época, o Flamengo de Guanambi entrou com uma ação na qual pedia a eliminação do Leão do Campeonato Baiano. O texto diz que, em caso de transferência internacional, o atleta tem que ter o nome publicado no Boletim Informativo Diário (BID) da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) até o dia 16 de março. Victor Ramos teve o nome publicado no dia 18 de março.
O Vitória, no entanto, garantiu que a negociação foi nacional, posição que mantém também agora, como garante o diretor executivo Anderson Barros, em nota enviada por sua assessoria de imprensa.
– O Vitória já comprovou em março que não há qualquer irregularidade. Não cabe mais nos dias de hoje esse tipo de movimentação, o futebol não merece mais isso. Mas caso eles façam essa movimentação, todas as justificativas legais já foram feitas – diz o dirigente.
À época, o argumento do Leão foi de que, após o fim do empréstimo de Victor Ramos ao Palmeiras, em dezembro do ano passado, o certificado de transferência internacional (ITC) não saiu do Brasil, assim seria uma negociação nacional. A Federação Baiana de Futebol (FBF) teve a mesma visão sobre o caso e afirmou que a CBF confirmou o caráter da negociação. No sistema de transferências da Fifa, o atleta aparecia com contrato ativo com o Palmeiras.