O movimento encabeçado por filhos e netos de pardos, negros e mulatos que, em 1798, rebelou-se contra a Coroa Portuguesa e lutou pela liberdade da Capitania Bahia, foi homenageado pela decoração do Carnaval do Pelourinho 2018, no Centro Histórico de Salvador. Trazendo o tema ‘220 anos da Revolta dos Búzios – Igualdade e Liberdade’, a ornamentação especial já pode ser conferida por turistas e baianos que circulam pelo local.
Itens como bonecos gigantes, mãos que simbolizam resistência, mandalas trazendo a figura dos protagonistas do movimento, tecidos com estampa afro, búzios e as características máscaras de Carnaval enfeitam as ruas do Pelô, desde antes do início oficial da folia até o final da festa.
O administrador curitibano Giovani Morais está pela primeira vez em Salvador e acho tudo “bem diferente e com muita cor”. Mãe e filha, as cariocas Aline e Yasmin Costa também estreiam no Carnaval baiano e estão encantadas com o colorido e vivacidade da decoração: “É tudo muito lindo. Fala do nosso antepassado. A gente fica imaginando tudo que se passou até chegar os dias de hoje. É como se a gente estivesse em uma máquina do tempo”, diz Aline.
A Revolta dos Búzios foi decisiva para o futuro do estado, mas acabou de forma trágica, com a morte dos líderes do movimento, que foram enforcados e esquartejados. “A minha maior dificuldade foi passar um momento triste da história para uma festa tão alegre quanto o Carnaval. Então, usei elementos que trouxessem a reflexão de forma bonita e leve. A mão da resistência, por exemplo, é uma peça forte, que está em vários tons para lembrar que não importa a cor”, explica a responsável pela decoração do Carnaval do Pelourinho 2018, a artista plástica baiana Telma Calheira.
Liderada pelos soldados Lucas Dantas e Luís Gonzaga e pelos alfaiates Manuel Fastino e João de Deus, a Revolta dos Búzios, conhecida por outros nomes, inclusive Conjuração Baiana, é um capítulo importante da história da Bahia, ilustrado em livros didáticos usados em todo o País. “Mortos e esquartejados, os quatro homens deram a própria vida pela nossa liberdade. Então, acho absolutamente adequado que, em meio à reflexão, alegria e entusiasmo do Carnaval, a gente possa também aproveitar para aprender um pouco da história do Brasil e da Bahia, através desses personagens”, afirma o historiador Jaime Sodré.
Além da decoração, que é uma atração à parte, o Pelourinho reserva uma programação caprichada nos cinco os dias da folia momesca. O chamado Circuito Batatinha é famoso por levar ao Centro Histórico de Salvador um público cativo, que deseja reviver o tradicional Carnaval. Ao todo, 73 artistas se revezam entre os diversos palcos nos largos e praças para fazer a alegria do folião. A programação completa pode ser conferida pelo site do Carnaval da Bahia.
(Fotos: Camila Souza/GOVBA)