A audiência ocorrerá em Zurique e seus advogados estarão presentes. Mas Del Nero, que não pode sair do Brasil sob o risco de ser preso e extraditado aos Estados Unidos, participará por videoconferência.
Sua linha de defesa será a de que seu banimento foi um ato político e que os investigadores da Fifa não produziram um só documento contra ele, apesar de dois anos de apuração do caso.
O brasileiro foi banido do futebol, deixou a presidência da CBF e pagou uma multa milionária. A Fifa alegou que a punição ocorreu diante do resultado dos inquéritos da Justiça dos Estados Unidos que apontaram para suspeitas de corrupção por parte de Del Nero na CBF e na Conmebol.
Sem jamais ter saído do Brasil desde maio de 2015, o ex-cartola conseguiu evitar ser detido e extraditado aos Estados Unidos, como ocorreu com José Maria Marin, já condenado e sentenciado, tendo sido detido na Suíça.
Del Nero não tem pretensões de voltar ao comando do futebol brasileiro. Mas quer tentar derrubar sua punição. Para isso, vai usar as revelações feitas por jornais e revistas europeias, no final de 2018, e que mostraram como não existiria uma independência de fato do Comitê de Ética da Fifa e nem de sua principal investigadora, a colombiana Maria Claudia Rojas.
As revelações da revista alemão Der Spiegel, por exemplo, mostram como o presidente da Fifa, Gianni Infantino, manobrou a própria reforma do código de ética da entidade. As regras teriam de ser desenhadas por Maria Claudia Rojas. Na época, a Fifa rejeitou qualquer irregularidade nos contatos entre Infantino e a elaboração dos documentos.
A própria nomeação de Rojas, porém, foi alvo de polêmicas, ainda em 2016. Ela foi escolhida para o cargo, ainda que não falasse inglês, substituindo ao suíço Cornel Borbély, demitido sem qualquer motivo aparente por Infantino.
Por dois anos, nenhum documento foi produzido por seu escritório contra Del Nero, ainda que houvesse uma investigação preliminar contra ele. Durante esse período, Infantino chegou a visitar o brasileiro na CBF e até ganhou uma camisa da seleção brasileira com seu nome nas costas.
O processo apenas avançou quando, nos EUA, os procuradores apresentaram provas contra Marin e que citavam Del Nero. Os documentos foram repassados para a Fifa que, em questão de dias, afastou o brasileiro.
Outro argumento da defesa de Del Nero é de que um dos juízes que participou da avaliação do seu caso foi detido por suspeitas de corrupção na Malásia, tendo renunciado a seu cargo na Fifa. O vice-presidente do Comitê de Ética da Fifa, Sundra Rajoo, foi preso ao viajar de Zurique para seu país, a Malásia. Ele é acusado de crimes de corrupção e fraude.
Tradicionalmente, um recurso na Fifa dificilmente é revertido. Se sua punição for mantida, Del Nero ainda promete levar o caso para a Corte Arbitral do Esporte.
R7