A defesa do motorista de ônibus suspeito de prender a perna de uma passageira na porta do coletivo que dirigia, em Salvador, informou que em nenhum momento o cliente abriu a porta do veículo. Segundo a defesa dele, foi a mulher quem chutou a porta do ônibus e acabou com a perna presa.
Ainda segundo o advogado, o motorista foi ofendido pela passageira, porque se negou a parar fora do ponto de ônibus, na sexta-feira (12). Um vídeo gravado pelo próprio rodoviário mostra os dois discutindo, antes da mulher ficar com a perna presa. [Assista vídeo acima]
Nas imagens, o motorista aparece dizendo que a passageira queria descer fora do ponto. “Passageira aí querendo parar fora do ponto. Aqui no Cristo não é ponto”, disse o rodoviário no vídeo.
Ainda de acordo com a defesa do motorista, o cliente não abriu a porta logo que a mulher prendeu a perna, porque foi chamado de mal educado.
Outro lado
Desrespeito: passageira fica com a perna presa após motorista fechar porta de ônibus
A mulher contou que estava no ônibus, que fazia a linha Campo Grande R2, quando, ao ver o sinal vermelho perguntou se o motorista poderia deixar que ela descesse antes da parada. Ela relatou que o rodoviário teria deixado e, quando ela foi tentar sair, ele fechou a porta.
“Na hora que eu coloquei a perna ele já foi fechando e não deu tempo de eu puxar a perna. Aí quando ele fechou, eu comecei a puxar a perna e o pessoal que estava no ônibus começou a gritar, dizendo para ele que minha perna estava presa”, explicou a vendedora.
A passageira ficou com a perna presa do joelho para baixo. Mesmo após a vítima pedir para o motorista abrir a porta por várias vezes, ele seguiu viagem. Ele chegou a parar em alguns locais, mas não liberou a saída da mulher.
Segundo a vendedora, o motorista se negou a abrir a porta e também a agrediu com palavrões. “’Eu só vou abrir quando eu quiser e se eu quiser. A pessoa vem trabalhar no feriado, uma vagabunda dessa…’ Foi quando ele se irritou mesmo, entendeu?”, disse a mulher.
Outros passageiros se juntaram para pedir que a porta traseira fosse aberta, e, só depois, o motorista liberou para a passageira descer do ônibus.
Após o incidente, a vendedora afirmou ter medo de pegar ônibus e encontrar o motorista pela rua. “Toda vez que eu penso em pegar ônibus, eu já fico meio assim de chamar e ser ele, né? É a mesma rotina”, desabafou.
Afastamento
Após a situação ser divulgada, o motorista foi afastado do cargo até o fim da apuração do caso, segundo a Concessionária Salvador Norte (CSN), empresa que administra os coletivos na região da orla da capital baiana.
De acordo com a Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob), a empresa CSN foi penalizada com uma multa. O valor não foi divulgado.
O Consórcio Integra informou que os transportes de Salvador são administrados por três empresas. A Ótima Transporte é responsável pela região do centro da cidade, a CSN pela região da orla e a Plataforma pelo subúrbio ferroviário.
“As concessionárias são obrigadas a atender as pessoas com civilidade, são obrigadas a prestar um bom serviço. O contrato exige que sejam feitos cursos de qualificação, e esse curso tem sido feito para melhorar o atendimento do rodoviário para com o usuário, e o município não vai admitir uma situação como essa”, explicou o secretario de mobilidade, Fábio Mota.
De acordo com a titular da 14ª delegacia de Tancredo Neves, Carmem Dolores, que investiga o caso, o motorista pode responder por lesão corporal dolosa, com intenção de machucar, crime previsto no Código Penal, ou lesão corporal dolosa na direção de veículo, que consta do Código de Trânsito.
“Nos dois casos ele pode ser condenado a dois anos de prisão. O agravante do Código de Trânsito é a suspensão ou proibição da carteira de habilitação”, explicou a delegada.
G1