A transferência do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da sede da Polícia Federal em Curitiba para o Complexo Médico-Penal, que fica na região metropolitana da capital paranaense, indica que uma eventual delação premiada do ex-presidente da Câmara está cada dia mais distante de se concretizar.
A “regra” na Lava Jato tem sido a de que os detidos que ficam na PF são os que estão negociando acordo de colaboração ou já estão em processo de depoimento. Preso preventivamente e por tempo indeterminado desde o dia 19 de outubro, Cunha não deu sinais de querer colaborar. A decisão de Sergio Moro, nesta sexta-feira (16), de transferi-lo para presídio reforça a tese.
Na época em que Cunha foi preso, os procuradores da Lava Jato e fontes ligadas ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, lembraram que um acordo de delação não aliviaria o peso de uma futura pena que poderia ser imposta ao ex-deputado, já que os crimes são muitos e Cunha é o peemedebista é considerado peça chave no esquema de corrupção da Petrobras.
Nesta sexta-feira, Moro alegou que a transferência foi necessária para evitar a superlotação da carceragem da PF, autora do pedido de remoção do ex-deputado. “Em que pesem os relevantes argumentos das defesas, o fato é que o espaço físico da carceragem da Polícia Federal é limitado e destina-se precipuamente a ser local de passagem e não de cumprimento de penas ou mesmos recolhimento em prisão cautelar, salvo raras exceções”, escreveu o juiz.
No entanto, no mesmo despacho Moro determinou que Léo Pinheiro, ex-presidente da empreiteira OAS, e João Cláudio Genu, ex-tesoureiro do PP, permanecessem na sede da PF, para facilitar o deslocamento para audiências na Justiça e oitivas em inquéritos.
Eduardo Cunha é réu na Lava Jato e, com a perda do mandato de deputado e, consequentemente, do foro privilegiado para ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), seu processo foi remetido para o juiz federal Sérgio Moro, que integra a operação que investiga o esquema na Petrobras. O peemedebista é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro, ocultação de contas bancárias no exterior, entre outros crimes.