O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) criticou nesta segunda-feira (17) a saída de Joaquim Levy da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) e do diretor de Mercado de Capitais do banco, Marcos Barbosa Pinto.
“Acho que é uma covardia sem precedentes [a demissão de Levy]. Não digo que do presidente, mas de quem nomeou, o ministro que deveria garantir equilíbrio nessas relações [entre a equipe econômica e Bolsonaro]”, afirmou em palestra sobre a reforma da Previdência em São Paulo, em evento sobre compliance e democracia promovido promovido pelo canal de TV Bandnews.
“Esse advogado que foi demitido do BNDES [Barbosa Pinto] é um dos caras que mais entende de política social no Brasil. Trabalhava com o Armínio [Fraga], estive com ele algumas vezes. É uma pena o Brasil ter perdido dois quadros da qualidade de Joaquim Levy e do Marcos Pinto da forma que eles foram retirados”, disse.
Maia disse que a reforma da Previdência deverá ser aprovada em comissão na Câmara no dia 26. No dia seguinte, afirmou que pretende instalar uma nova comissão para analisar o texto base da reforma tributária. Ele elogiou a proposta elaborada pelo tributarista Bernard Appy.
Sobre a recente fala do ministro da Economia Paulo Guedes, que criticou as mudanças propostas pelo relator da reforma da Previdência, Samuel Moreira (PSDB-SP), Maia diz pode ter o efeito colateral de favorecer a tramitação do texto.
“As crises que a gente vive, como a de sexta, fortalecem o comprometimento da Câmara. Acho que ajudam os governadores do Nordeste a vir para o processo. Se a proposta não é mais do Paulo Guedes, é do Congresso, facilita os partidos de esquerda a discutir o projeto com a gente”, afirmou.
“Talvez tenha sido um bom passo, talvez ele não tenha pensado desse jeito, mas tenha sido uma boa crise. Amanhã vou a Fortaleza para me reunir com alguns governadores do Nordeste e vamos tentar um comprometimento dos governadores para reintroduzir estados e municípios na reforma.”
Maia também disse que a reintrodução do sistema de capitalização pura na reforma é inviável.
“A renda do Brasil tem que aumentar e a pobreza tem que diminuir para a gente conseguir debater uma capitalização. O máximo que a gente pode avançar é um sistema híbrido, em que uma base até dois ou três salários mínimos fica no sistema de repartição e o restante no de capitalização. Estamos tratando só de 9% ou 10% da população, que é quem ganha acima de R$ 3.000.”
Ele afirma que o modelo chileno defendido por Guedes não pode ser implementado no país sem que haja primeiro crescimento de renda. “É mais importante agora garantir a economia [com a reforma] de R$ 1 trilhão. Com isso, a gente faz um debate no segundo semestre e vê qual é o melhor modelo para o Brasil. O chileno, defendido pelo governo, não é.”
Bahia Notícias