A dengue, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, representa um sério problema de saúde pública no Brasil. Em 2024, segundo dados recentes do Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde, a incidência da dengue no país era de 757,5 casos por 100 mil habitantes. O critério adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde para a classificação da doença em relação à população indica que vivemos uma nova epidemia da doença.
O cenário é preocupante e exige medidas urgentes para conter a proliferação do mosquito e proteger a população. Entre os problemas que podemos considerar para esse aumento estão o de que a falta de tratamento adequado do esgoto leva ao lançamento de efluentes contaminados nos cursos d’água, criando ambientes propícios para a proliferação do mosquito. O acúmulo de água parada em diversos locais, como recipientes domésticos, pneus velhos, entulhos e áreas com drenagem inadequada, também são criadouros ideais para o mosquito.
Além disso, o descarte inadequado de resíduos sólidos, como pneus velhos, eletrodomésticos e outros materiais que acumulam água, também contribui para a proliferação do mosquito. A coleta regular de lixo e a destinação correta dos resíduos são medidas essenciais para reduzir os criadouros.
Neste cenário que se apresenta no Brasil, a drenagem urbana também é um problema crucial. Cidades com sistemas de drenagem deficientes apresentam maior acúmulo de água parada após chuvas, aumentando o risco de proliferação do mosquito Aedes aegypti.
Por isso, o investimento em saneamento básico é crucial para o controle da dengue no país. A ampliação da cobertura do tratamento de esgoto, a melhoria da drenagem urbana e a gestão adequada dos resíduos sólidos são medidas essenciais para reduzir os criadouros do mosquito e proteger a saúde da população.
Essas soluções estão demonstradas na pesquisa “O líquido da vida: estimando os impactos dos serviços de água e saneamento na saúde no Brasil” – realizada pelo IDB Invest, que avaliou mais de 800 municípios brasileiros, a partir de dados do Data SUS – entre os anos de 2010 e 2021. O estudo revela que aumento de 10 pontos percentuais na cobertura de água potável e esgoto pode reduzir internações por dengue em mais de 50% no Brasil. E a redução de um caso de hospitalização por doença de veiculação hídrica a cada 10 mil habitantes quando a cobertura de água e esgoto sobe 3 pontos percentuais, entre outros índices positivos advindos do investimento em saneamento.
“Ressaltamos que o enfrentamento da dengue é uma responsabilidade coletiva e a qualidade do saneamento básico desempenha um papel crucial na prevenção da propagação da doença. Investimentos contínuos e esforços coordenados, também em educação ambiental e campanhas de conscientização são essenciais para garantir comunidades saudáveis e livres da dengue e outras doenças”, ressalta Luiz Pladevall, presidente da ABES-SP.
Sobre a ABES
Com 57 anos de atuação, a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES é uma associação com fins não econômicos, que reúne no seu corpo associativo cerca de 10.000 profissionais do setor.
A força da ABES está em seus associados.
A ABES tem como missão ser propulsora de atividades técnico-científicas, político-institucionais e de gestão que contribuam para o desenvolvimento do saneamento ambiental, visando à melhoria da saúde, do meio ambiente e da qualidade de vida das pessoas.
É a associação brasileira que reúne a diversidade de profissionais e organizações do setor: empresas públicas e privadas, governos, prestadores de serviços, fornecedores, universidades e profissionais de diversas faixas etárias e várias áreas relacionadas ao saneamento, além da engenharia.
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