Trinta deputadas de diversos partidos assinaram, nesta sexta-feira (22), uma nota de desagravo, repudiando e relatando retaliações sofridas por não apoiarem os candidatos à presidência da Câmara dos seus partidos ou blocos partidários. Elas alegam que seus colegas homens não são retaliados pelas mesmas dissidências, o que chamam de “violência política partidária”.
A nota de desagravo parte de uma nota de repúdio divulgada pelo MDB Mulher Nacional contra a deputada Daniela do Waguinho (MDB-RJ), que apoia publicamente o candidato Arthur Lira (PP-AL). No texto são relatadas retaliações sofridas por outras mulheres, como a deputada Liziane Bayer, do PSB e deputadas do PSL.
Lira tem como principal adversário na disputa o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), candidato do MDB, com apoio do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O texto diz que “ao invés de promover a voz de suas parlamentares, num gesto de profunda violência política partidária, o MDB lhe dirige palavras que não ousou dirigir aos homens que fizeram igual opção”.
A eleição da presidência da Câmara dos Deputados deste ano está sendo disputada voto a voto. Apesar da formação dos blocos, que atualmente dão 242 potenciais votos a Arthur Lira e 236 à Baleia Rossi, há muita dissidência dentro dos partidos.
Praticamente em todas as legendas há dissidências, para ambos os lados. O deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), por exemplo, declara apoio a Baleia Rossi, adversário ao seu bloco. Ele não sofreu penalização ou retaliação da cúpula do seu partido.
Leia abaixo a íntegra da nota de desagravo:
NOTA DE DESAGRAVO
Temos visto agressões absurdas quando se trata da participação da mulher na política. Por isso, repudiamos a nota publicada pelo MDB Mulher Nacional contra a manifestação de apoio de Daniela do Waguinho à candidatura de Arthur Lira à presidência da Câmara. Ao invés de promover a voz de suas parlamentares, num gesto de profunda violência política partidária, o MDB lhe dirige palavras que não ousou dirigir aos homens que fizeram igual opção. O mesmo ocorreu com diversas deputadas do PSL e com a deputada Liziane Bayer, do PSB, que estão sob ameaça de expulsão. Mas, apesar do assédio político, as parlamentares devem se manter livres para manifestar suas preferências, mesmo quando em desacordo com a direção do partido, pois a disciplina partidária não confere aos seus dirigentes poder absoluto para controlarem as ações parlamentares dos eleitos pela sigla, pois atividades legislativas não se confundem com atividades partidárias. Nós, deputadas, lutamos todos os dias contra a dominação masculina no interior dos partidos e nos espaços de poder. Quando uma deputada se insurge contra uma decisão injusta da cúpula partidária, nosso papel é ouvir e respeitar, sem pretender calar sua manifestação. A eleição da nova Mesa Diretora da Câmara é uma escolha individual de cada parlamentar, que deve prestar contas com seus eleitores, não com os dirigentes que pretendem tutelar suas vontades. Daniela do Waguinho, Liziane Bayer e muitas outras mulheres não foram as únicas a se insurgirem contra a orientação de seus partidos, mas foram as únicas por eles repudiadas. Isso tem nome: assédio e violência política contra mulheres. Contem com nosso apoio, nossa solidariedade e a nossa luta!
Assinam a presente nota as seguintes deputadas:
1. Margarete Coelho
2. Soraya Santos
3. Celina Leão
4. Flávia Arruda
5. Dra. Marina Santos
6. Bia Kics
7. Rosângela Gomes
8. Aline Sleutjes
9. Katia Sastre
10. Greyce Elias
11. Carla Zambelli
12. Major Fabiana
13. Alê Silva
14. Clarissa Garotinho
15. Jaqueline Cassol
16. Christiane Yared
17. Iracema Portella
18. Magda Molfato
19. Maria Rosas
20. Aline Gurgel
21. Luiza Canziani
22. Liziane Bayer
23. Rosana Valle
24. Angela Amin
25. Leda Sadala
26. Dra. Soraya Manato
27. Daniela do Waguinho
28. Rose Modesto
29. Mara Rocha
30. Dra. Vanda Milani
R7