“Estamos evoluindo com novas e mais eficazes terapias no cenário do câncer de mama metastático. É possível, que com esses crescentes avanços, em um futuro não muito distante, possamos propor a esses pacientes a possibilidade de cura da doença”, afirma a oncologista baiana Luciana Landeiro
De acordo com estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA), 66.280 novos casos de câncer de mama devem ser registrados no país em 2022. Este tipo de câncer é o mais frequente em mulheres no mundo e no Brasil, depois do câncer de pele não-melanoma. Em torno de 30% dos casos de câncer de mama, mesmo quando diagnosticados precocemente, podem recidivar e atingir outros órgãos, depois de meses ou anos, tornando-se cânceres metastáticos ou avançados. Nesses casos a proposta é reduzir ou controlar a doença, não sendo possível garantir a cura.
Como garantir a qualidade de vida para essas pacientes com tumores de mama metastáticos é um dos desafios no tratamento da doença. O tema vai ser abordado pela oncologista baiana Luciana Landeiro, no 10º Simpósio Internacional Oncoclínicas e Dana-Farber Cancer Institute. O evento vai acontecer de 22 e 24 de setembro, no formato hibrido, com transmissão ao vivo de toda programação e com a parte presencial no Centro de Convenções de Salvador com a participação de mais de 250 palestrantes nacionais e internacionais.
Qualidade de vida aliada a maior expectativa de vida
A oncologista Luciana Landeiro, do NOB Oncoclínicas, ressalta que a oncologia já evoluiu muito, mas que em 2022 ainda não é possível propor ao paciente com câncer de mama metastático tratamentos com objetivo de cura. “Ao lidar com pacientes com doença avançada buscamos aumentar a expectativa de vida das pacientes sempre em equilíbrio com a manutenção/melhoria da qualidade de vida e bem-estar,” explica a médica.
“Após o diagnóstico de um câncer de mama metastático, no que se refere à estratégia de tratamento oncológico, é fundamental considerar não só a eficácia do tratamento, mas também seu perfil de toxicidade e o status de saúde global do paciente”, pondera. “Mitigar sintomas relacionados à doença, identificar e tratar de forma precoce eventos adversos relacionados ao tratamento e estimular adesão a hábitos de vida saudáveis também fazem parte do que entendemos como o “melhor cuidado” a ser oferecido a esses indivíduos”, afirma a especialista.
Para algumas pacientes a manutenção das atividades pessoais e profissionais é extremamente importante, dentro de algumas limitações que a doença pode trazer durante este percurso. “Nós sempre buscamos acolher esses pacientes, tentando entender suas necessidades e demandas especificas e orientá-los para que essa jornada seja conduzida da melhor forma possível”, afirma Luciana Landeiro.
Avanços nos tratamentos
De acordo com a oncologista Luciana Landeiro, o câncer de mama é uma doença heterogênea. “Há diversos tipos de tumores que são definidos de acordo com critérios histológicos e moleculares”, explica. “Só a partir do entendimento de qual subtipo de câncer de mama aquele paciente foi diagnosticado é que podemos definir a melhor estratégia terapêutica, de forma individualizada, para cada paciente”, explica a médica do NOB Oncoclínicas.
Segundo a especialista, os últimos anos trouxeram avanços significativos tanto no tratamento de pacientes com diagnóstico de câncer de mama inicial quanto no cenário da doença metastática. “Medicações como os inibidores de ciclina (iCDK) trouxeram um significativo ganho na expectativa de vida das pacientes com câncer de mama metastático que expressam receptores hormonais, com um perfil excelente de tolerabilidade”, destaca.
Outro avanço recente foi a incorporação da imunoterapia (tratamento que estimula o sistema imunológico do próprio indivíduo a combater as células do tumor) à quimioterapia, no cenário de tratamento dos cânceres de mama de subtipo chamado triplo negativo.
Entre alguns outros avanços no tratamento de pacientes com diagnóstico de câncer de mama avançado, vale mencionar a recente incorporação do Trastuzumabe deruxtecan (TDXd), um medicamento da classe dos anticorpos droga-conjugados (ADC’s), que se mostrou extremamente efetivo no tratamento de pacientes diagnosticadas com um subtipo de tumor mamário chamado Her 2 positivo.
“Estamos evoluindo com novas e mais eficazes terapias no cenário do câncer de mama metastático. É possível, que com esses crescentes avanços, em um futuro não muito distante, possamos propor a esses pacientes a possibilidade de cura da doença”, afirma Luciana Landeiro.