Especialistas chamam a atenção para a crescente incidência do câncer de pele no Brasil, que vai registrar cerca de 250 mil novos casos em 2022, incluindo os tipos melanoma e não melanoma (INCA)
Até 2040, o câncer de pele do tipo melanoma será o segundo mais prevalente, com 219 mil novos casos por ano, atrás apenas do câncer de mama, com 364 mil. O estudo publicado na revista médica Jama Network Open apresenta uma projeção para os Estados Unidos, mas reflete uma tendência global, justificada pelo envelhecimento da população, maior exposição solar e hábitos de vida não saudáveis.
Apesar desse cenário e da alta incidência também no Brasil, a prevenção, o diagnóstico precoce e a cirurgia são contrapontos para o tratamento curativo do melanoma, que pode chegar a 95% dos casos, como pontua o oncologista Iuri Santana, da Clínica AMO, que chama a atenção para a importância do estudo da Jama. Mais agressivo e com maior letalidade, o melanoma representa 3% dos casos de câncer no país. Já o câncer de pele não melanoma é o mais frequente no país e corresponde a 30% de todos os tumores malignos. Juntos, os dois tipos deverão somar 249.470 novos casos este ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Dos novos registros, 220.490 serão do tipo não melanoma, com 2.630 mortes, e 8.980 melanoma, com 1.923 mortes. “A incidência vem aumentando progressivamente e o tratamento inicial é curativo na maioria dos casos. Para isso, é fundamental a atuação do time multidisciplinar, envolvendo profissionais da dermatologia, cirurgia oncológica e oncologia clínica, trabalhando em sintonia”, afirma Iuri Santana, acrescentando que a cirurgia é utilizada na maioria dos casos e pode ser combinada com recursos como a quimio e a radioterapia.
Com relação às novidades, o oncologista diz que “o tratamento das doenças avançadas e metastáticas foi revolucionado na última década com a imunoterapia, que surge como uma luz no fim do túnel”. A imunoterapia é um tipo de tratamento que visa combater o avanço da doença pela ativação do próprio sistema imunológico do paciente. Com o uso de medicamentos, a ideia é que o organismo elimine a doença de forma mais eficiente e com menos toxicidade.
Proteção x pele negra
O oncologista reforça a importância da proteção para todos os tipos de pele e salienta que a população negra não está isenta de risco, sobretudo por conta do melanoma acral, subtipo com características próprias que ocorre nas regiões plantares, palmares e subungueais, sendo mais frequente em pessoas de fototipos mais altos, como africanos, orientais e latino‐americanos.
Como explica o médico, apesar do comportamento indolente, o melanoma acral apresenta prognóstico ruim, sobretudo pelo diagnóstico tardio. O tratamento baseia-se na retirada cirúrgica do tumor, o que, em alguns casos, leva a uma difícil reconstrução da região afetada.
Diante da progressiva incidência do câncer de pele, especialistas reforçam a necessidade de atenção a qualquer modificação, como manchas que coçam, ardem, descamam ou sangram, assim como feridas que não cicatrizam em quatro semanas. Todos esses sinais, que normalmente surgem no rosto, pescoço e orelhas, devem ser avaliados por um dermatologista, que observa também lesões em áreas menos visíveis, como as costas e o couro cabeludo. Aparelho utilizado nas avaliações, o dermatoscópio permite visualização de camadas da pele não vistas a olho nu.Dicas para evitar o câncer de pele:
· Em qualquer idade, a exposição ao sol deve ser controlada e evitada;
· Recomenda-se o uso correto de bloqueadores, com proteção UVB e UVA, com FPS mínimo de 30;
· É indicado o uso de barreiras físicas, como camisas, viseiras ou bonés com FPU (fator de proteção ultravioleta);
· Deve-se evitar exposição ao sol nos horários entre 10h e 16h, quando a radiação é mais intensa;
· Mesmo em dias nublados, a proteção é necessária;· O uso de câmaras de bronzeamento artificial (proibidas no Brasil desde 2009) aumenta riscos para a doença.