A reclamação do Bahia pelos dois gols anulados pelo árbitro de vídeo (VAR) no jogo contra o Atlético-PR não vai ficar somente no campo das palavras. Os dirigentes do clube vão entrar com uma representação na Conmebol contra o árbitro argentino Fernando Rapallini, que comandou a partida da última quarta-feira (24), na Arena Fonte Nova, pela primeira partida das quartas de final da Copa Sul-Americana. Além disso, o clube quer ter acesso ao diálogo do juiz com o árbitro de vídeo Gery Vargas, da Bolívia.
Na zona mista da Arena Fonte Nova, o presidente do Tricolor, Guilherme Bellintani, fez duras reclamações sobre os gols de Clayton e Ramires, inclusive citando a polêmica envolvendo o gramado do estádio, recém-instalado e alvo de críticas por parte dos jogadores do Furacão.
“Aquela conversa que a gente teve com uma das pessoas do árbitro de vídeo foi para entender o processo de decisão deles. Tanto no primeiro gol, temos a visão clara de que não foi falta, interpretação nossa, e depois no segundo gol não houve no impedimento. Antes do jogo começar, é importante dizer o que aconteceu ontem [terça-feira]. Com todo o bom senso da Conmebol, se cogitou transferir a partida pela condição do gramado. Sabe como a Conmebol passou a refletir? Quando mostramos a fotografia lá do Cerro, no Uruguai. Esse gramado é permitido e o nosso não é? Imperou o bom senso, fizemos um trabalho para melhorar. Mas começou por ali uma falta de critério. Sou um defensor do VAR e serei sempre, mas tem dois problemas. O problema é a análise do ser humano. Enquanto não melhorar a arbitragem, não adianta colocar as câmeras para o árbitro despreparado olhar. Não é o vídeo que vai resolver. O VAR só deve mudar o que foi marcado em campo se o árbitro tiver convicção do contrário. Ele deve olhar o VAR e dizer: ‘A imagem que estou vendo me mostra o contrário do que marquei? Se mostra, vou voltar atrás’. Ele teria que ter conviccção de que o primeiro lance foi falta. Não tem como ter convicção. Tem uma fotografia de Clayton batendo muito acima da cabeça de Nikão. Quero saber se toda bola que o atacante pegar na bola e depois pegar no zagueiro vai ser falta. Inventaram uma nova modalidade de falta?”, declarou.
Apesar de defender a tecnologia do futebol, o mandatário afirmou que o VAR foi manchado e acusou os juízes de despreparo. Para exemplificar seu argumento, Bellintani citou a falta de compensação nos acréscimos em relação ao tempo necessário para consulta ao vídeo.
“E o segundo lance, novamente digo, apesar do árbitro sequer ter ido ver o lance e, de fato, nas regras do VAR ele não tem obrigação de ir ver impedimento, mas assim: é absurdo que aquele lance seja taxado de forma convicta. Há quem defenda que estava impedido e há alguém que diga que estava na mesma linha. Na dúvida, todo mundo sabe, é gol. Um jogo atípico. Infelizmente, isso vai manchando o VAR que defendemos. O que está manchando é o despreparo dos árbitros. Vimos coisas muito básicas. Quatro minutos de análise do VAR e três minutos de acréscimo. Ele foi incapaz de calcular isso. No segundo tempo, seis substituições e análise do VAR. Me desculpe, o árbitro que não consegue acertar o cálculo, vai acertar o quê? Estamos entrando com representação contra o árbitro e estamos pedindo o diálogo do árbitro com os árbitros de vídeo. Sabemos que não vamos mudar o resultado, mas vamos tentar ser um provocador de que a arbitragem precisa melhorar. É um nítido despreparo da função”, indicou.
Ao fim da partida, Guilherme Bellintani, o vice-presidente Vitor Ferraz e o diretor de futebol Diego Cerri chegaram a conversar com a equipe de arbitragem e pediram para verificar os lances na sala do VAR, mas a solicitação foi negada.
Bahia Notícias