Os rins são um par de órgãos muito importantes para a nossa saúde. E a notícia de que o apresentador Fausto Silva passou por um transplante do órgão, seis meses após ter recebido um novo coração, devido a complicações em um caso de Doença Renal Crônica, deixou as pessoas surpresas. Afinal, o que é essa doença e que outras patologias podem acometer os rins?
Nefrologista e professor do curso de Medicina da Universidade Salvador (UNIFACS), Ricardo Mattoso explica que os rins são responsáveis pela eliminação das substâncias resultantes do nosso metabolismo, através da urina. “Além desta função, eles ainda controlam a quantidade de água do organismo, atuam na eliminação de sódio, sendo essencial para o controle da pressão arterial, colaboram com a medula, evitando o aparecimento de anemia e, ainda, regulam a acidez do sangue, prevenindo a desnutrição e fadiga”, enumera.
Para evitar a disfunção desse órgão ou o aparecimento de doenças, mudanças nos hábitos de vida são importantes como forma de prevenção, tais como: ingestão de água ao longo do dia, especialmente em períodos mais quentes; adoção de uma alimentação saudável; evitar excessos de sal, gordura, fritura e ganho de peso excessivo.
O professor da UNIFACS, cujo curso de Medicina é parte integrante da Inspirali, ressalta, também, que o uso de alguns medicamentos, como os anti-inflamatórios, pode afetar os rins e deve ser feito apenas sob orientação médica. “Para quem sofre com doenças como diabetes e hipertensão arterial, é muito importante manter um controle rigoroso dessas morbidades”, complementa Ricardo Mattoso.
Diagnóstico precoce é essencial
Uma grande dificuldade para o diagnóstico das doenças renais é que, muitas vezes, ela evolui de forma assintomática, resultando em um diagnóstico tardio. Uma vez realizada a detecção do problema renal, ele deve ser acompanhado pela especialidade médica responsável, a nefrologia. Alguns sinais que podem ajudar no diagnóstico da doença renal incluem: inchaço nas pernas e na face, palidez, espuma na urina, astenia, perda de apetite, emagrecimento e aparecimento de hipertensão arterial.
Nos casos de doença renal aguda, o diagnóstico precoce pode ajudar na reversão de danos e evitar situações graves. Assim, a realização de exames de monitoramento dos rins, como ureia e creatina no sangue, ou o sumário realizado com uma amostra de urina, devem ser realizados preventivamente. O nefrologista explica, ainda, que doenças autoimunes, como lúpus, e patologias crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, podem causar danos irreversíveis aos rins. “Nesta situação, a doença renal pode se tornar crônica e, novamente, o papel do acompanhamento médico é indispensável para lentificar a progressão da doença e atuar no tratamento de complicações que possam aparecer”, afirma o médico.
Tratamento
Nos casos mais brandos da doença renal, o uso de medicamentos e a adoção de uma dieta adequada podem evitar os sintomas e proporcionar qualidade de vida. Porém, nas formas mais graves da doença, a realização de tratamentos mais invasivos pode ser necessária, como a realização da hemodiálise, diálise peritoneal ou, como no caso do apresentador Fausto Silva, o transplante renal.
Para os pacientes que precisam de hemodiálise, o tratamento é feito em uma clínica ou hospital especializado, onde ele é conectado a uma máquina que substituirá os rins na filtragem do sangue, ou seja, o procedimento funciona como um rim artificial. Já a diálise peritoneal pode ser realizada em casa.
O Brasil é uma referência quando o assunto é transplante de órgãos, ocupando a segunda posição mundial em número de procedimentos realizados. Segundo o Ministério da Saúde, o rim foi o órgão mais transplantado entre os meses de janeiro e setembro de 2023, representando 66,72% dos procedimentos. Atualmente, 38 mil das 42 mil pessoas na fila dos transplantes no país aguardam por um rim. “É fundamental a conscientização da população de que todos somos potenciais doadores, mas, para que ocorra um transplante, há a necessidade de autorização da família. Então, é muito importante deixar sempre claro aos seus familiares a sua vontade de ser doador”, finaliza o professor Ricardo Mattoso.