Dois dos cinco corpos encontrados ontem (6) em um matagal em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, foram identificados hoje (7) como dos jovens que estavam desaparecidos desde o dia 21 de outubro no estado.
Em nota à imprensa, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que a identificação dos corpos foi possível por impressão digital. Os nomes não foram informados. Segundo o ouvidor das polícias, Julio Cesar Fernandes Neves, o reconhecimento ocorreu porque dois dos jovens usavam próteses: Caique Henrique Machado Silva, 18 anos, usava uma prótese na tíbia; e Robson Fernando Donato de Paula, 17 anos, era cadeirante e tinha uma prótese na coluna.
“Os primeiros exames feitos pelo núcleo de antropologia do IML [Instituto Médico Legal] mostram que eles foram atingidos por balas de calibre 38 e uma de calibre 12”, diz a nota da secretaria.
Os demais corpos terão de ser submetidos a exame de DNA para a identificação. A suspeita é que podem ser de Jonathan Moreira Ferreira, 18 anos; César Augusto Gomes Silva, 20 anos; e o motorista do carro, que foi contratado pelos jovens para levá-los para um sítio em Ribeirão Pires, Jones Ferreira Januário, 30 anos.
Hoje pela manhã, parentes dos jovens desaparecidos estiveram no Instituto Médico Legal (IML) para reconhecer os corpos encontrados em Mogi das Cruzes. Os corpos foram achados em estágio avançado de decomposição, com isso, o reconhecimento oficial ainda depende de laudo do IML.
Investigação
O Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) investiga o caso e não confirmou informações que circularam na imprensa de que três policiais foram ouvidos hoje sobre o desaparecimento dos jovens. Também não foi confirmada a informação de que policiais teriam consultado a ficha de dados dos jovens na noite do desaparecimento.
A Secretaria de Segurança informou que um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado pela Corregedoria da Polícia Militar para investigar o caso, que está sob segredo de Justiça. Quando um IPM é aberto, explicou o ouvidor das polícias à Agência Brasil, significa “que há indícios de participação de policiais militares”.
“O que existem são indícios. Existem as cápsulas, ponto 40 [que foram encontradas junto aos corpos]. Existe o áudio [que teria sido enviado às famílias, por um dos jovens, falando sobre uma blitz policial]. Também há notícias de que eles [os jovens] estavam sendo ameaçados por policiais. Existe uma série de situações em que a possibilidade de serem policiais vem à tona”, disse o ouvidor.
Hoje à tarde, Ariel de Castro Alves, membro do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), disse que as cápsulas encontradas junto aos corpos são de uso restrito da polícia, o que reforça “a suspeita de participação de policiais ou de agentes do Estado” nas mortes.
O caso
Os cinco amigos sumiram após saírem de carro da zona leste da capital paulista para uma festa em Ribeirão Pires, na Grande São Paulo. O carro em que eles estavam foi encontrado depois, abandonado próximo a uma alça do Rodoanel. Uma mensagem de áudio enviada por Jonathan a uma amiga sugere que o grupo teria sido abordado pela polícia em uma blitz.