É fake a notícia de que o termômetro infravermelho causa prejuízo à glândula pineal, localizada no cérebro e que produz e regula os hormônios. O esclarecimento é da médica do trabalho Alessandra Granjo e do neurologista Mateus do Rosário, ambos do Hospital Cárdio Pulmonar, diante de informações sobre o assunto que circulam nas redes sociais, sobretudo em grupo de WhatsApp.
“Os termômetros clínicos de infravermelho sem contato funcionam medindo a radiação infravermelha emitida por um objeto ou pessoa e convertendo-a em temperatura. Como os dispositivos medem infravermelho em vez de emiti-lo, a pessoa que está tendo a temperatura aferida não está sujeita a radiação infravermelha extra”, diz Alessandra Granjo.
O neurologista Mateus do Rosário reforça que se trata de uma fake News e explica como a glândula funciona. “A pineal é responsável pela produção da melatonina, que regula o ciclo sono-vigília. A glândula recebe impulsos elétricos do estímulo da luz solar e, na escuridão, há a estimulação na produção da melatonina. Diferentemente do que afirma a mensagem falsa, os termômetros não emitem sinais luminosos que possam afetar o funcionamento ou destruir a pineal”, diz, destacando que a luz infravermelha é invisível a olho nu.
“Essa fake news foi construída em cima de uma falha anatômica, inclusive, pois a pineal fica localizada mais na parte posterior do cérebro e, se houvesse alguma radiação, outras estruturas seriam afetadas antes dela. Quem inventou deveria estar querendo, se referir à glândula hipófise, chamada de pituitária, que fica mais para a frente, o que também não é o caso, já que não há danos às estruturas”, explica.
A médica Alessandra Granjo diz ainda que os termômetros são regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e precisam trazer o selo de conformidade do Inmetro, que é a comprovação de que passaram por ensaios focados na segurança do equipamento e estão dentro dos parâmetros estabelecidos.
“O uso dos termômetros infravermelhos é considerado seguro para seres humanos e a melhor opção para verificação da temperatura corporal em massa, em decorrência da pandemia do novo coronavírus, sendo muito utilizado na entrada de supermercados, farmácias, shoppings e locais de grande circulação”, completa a médica.
A especialista esclarece ainda que o infravermelho é uma forma de radiação invisível a olho nu e que pode ser sentida como calor. “A superexposição à radiação infravermelha pode causar problemas, como queimaduras na pele e danos aos olhos, mas não é o caso dos termômetros”, explica.
Mira a laser
“O aparelho não emite radiação e capta o calor através de lentes, o transforma em sinais elétricos e o programa interno converte esses sinais em uma medida que pode ser facilmente lida na tela”, complementa o engenheiro clínico e em segurança do trabalho, Ismar Santos, destacando que alguns modelos veem com um laser, que ajuda a apontar para a região em se se quer medir.
“A medição da temperatura geralmente é feita com o termômetro perto do corpo, sem toque. Se o termômetro estiver muito distante, poderá captar também a temperatura de outros corpos ao redor da pessoa, o que leva a uma medição incorreta. A distância ideal depende do modelo do termômetro”, explica.
O engenheiro clínico sinaliza ainda que o termômetro infravermelho já era usado há anos pela indústria para medir a temperatura de peças e superfícies, assim como na área de saúde para medir a temperatura de crianças em consultórios pediátricos, pois sua medição é mais rápida. “Vários hospitais pelo mundo também já usavam este termômetro em pacientes adultos, principalmente para evitar o contato físico, o que pode trazer contaminação”, completa.