O delegado da PF (Polícia Federal), Maurício Moscardi Grillo, afirmou nesta segunda-feira (5) que, na BRF, as fraudes são usadas como “estratégia”. A empresa foi alvo hoje da Operação Trapaça, terceira fase da Carne Fraca, que apura esquema de fraudes em laboratórios do Ministério da Agricultura.
O delegado federal explicou que a PF teve acesso a e-mails internos da companhia durante as investigações e, por meio destas mensagens, conseguiu provas de que a BRF fraudava as leis de fiscalização impostas pelo Mapa.
Segundo o delegado, também foram utilizadas informações disponibilizadas por uma funcionária que entrou com uma ação trabalhista contra a BRF. Os documentos, usados no processo da ex-funcionária, também foram úteis para a operação Trapaça.
As investigações apontam que a ex-supervisora da BRF Adriana Marques Carvalho recebia frequentes e-mails de Fabianne Baldo, responsável pela garantia da qualidade. Nessas conversas, Fabianne solicitava a adulteração de laudos laboratoriais.
Um dos e-mails tinha o título “Laudo Rússia”. Adriana questionou a quantidade excessiva de pedidos de alterações de resultados e alertou sobre o risco de serem “pegos na mentira”.
Fabianne respondeu e disse que a prática era corriqueira na empresa, mas que a área tomaria mais cuidado. A resposta, documentada em um e-mail, afirma que “é uma estratégia da empresa fazer desta forma”.
A reportagem do R7 entrou em contato com a BRF e aguarda um posicionamento oficial.
Ações da BRF
A gigante de alimentos passa por dificuldades internas após reportar, no último dia 22, prejuízo de R$ 1,1 bilhão. Foi o segundo ano consecutivo de resultados negativos.
Os principais fundos que são sócios da companhia Petros (Petrobras Seguridade Social) e Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil) exigem a troca de todo o conselho da BRF, incluindo o presidente do Conselho de Administração, Abilio Diniz.
Operação Trapaça
A Operação Trapaça, deflagrada pela PF na manhã desta segunda-feira (5), é a terceira fase da Operação Carne Fraca.
A Trapaça investiga um esquema de fraudes em laboratórios perante o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Os locais fraudavam resultados de laudos para impedir o Mapa fiscalizasse a qualidade do processo industrial da BRF.
Em maio de 2017 a PF realizou a segunda fase da Carne Fraca, que teve como alvo o ex-superintendente do Ministério de Agricultura no Estado de Goiás Francisco Carlos de Assis. Segundo as investigações, Assis foi flagrado flagrado em interceptações telefônicas destruindo provas importantes no âmbito da operação.
A segunda fase da Carne Fraca foi batizada de operação Antídoto, em referência a uma ação policial colocada em prática com o objetivo de fazer cessar a ação criminosa do investigado e preservar eventuais novas provas.
R7