Impactada pela pandemia do novo coronavírus, a soma de todos bens e serviços produzidos pelo Brasil desabou 4,1% em 2020, mesmo após registrar uma forte retomada no segundo semestre. Trata-se do primeiro encolhimento anual da economia brasileira desde a recessão encerrada em 2016 e o maior tombo da série histórica, iniciada em 1996.
O resultado negativo é fruto da produção de R$ 7,4 trilhões em valores correntes, segundo informações divulgadas nesta quarta-feira (3), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 2019, o PIB (Produto Interno Bruto) nacional totalizou 7,3 trilhões. O PIB per capita foi de R$ 35.172 em 2020, valor que corresponde a uma queda de 4,8% em termos reais, que também foi a menor taxa da série histórica.
A coordenadora do levantamento das contas nacionais, Rebeca Palis, afirma que o Brasil chegou ao fim de 2020 no mesmo patamar do final de 2018. “Comparando com o período pré-pandemia, o PIB está em um patamar 1,2% mais baixo, mas 10,4% acima do auge dos efeitos [da pandemia], no segundo trimestre”, explica Receba.
De acordo com os dados do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, a economia brasileira enfrentou o pior momento da pandemia no segundo trimestre de 2020, quando o PIB encolheu 9,2% na comparação com o período imediatamente anterior e deixou o país em recessão técnica, já que o resultado dos primeiros três meses do ano foram negativos em 2,1%.
No terceiro trimestre, apareceram os primeiros sinais de retomada da economia, com o crescimento recorde de 7,7%. Nos últimos três meses do ano a melhora foi consolidada com o avanço de 3,2% na mesma base de comparação, mas o resultado ainda foi insuficiente para recuperar a economia das perdas registradas no primeiro semestre.
Na comparação anual, o desempenho do quatro trimestre de 2020 foi 1,1% inferior em relação ao mesmo período do ano anterior. O resultado contou com quedas da Agropecuária (-0,4%) e dos Serviços (-2,2%), enquanto a Indústria apresentou crescimento (+1,2%).
Setores
Na análise do resultado de 2020 por segmentos da economia, apenas a Agropecuária (+2%) registrou crescimento na comparação com o ano anterior. Por outro lado, Indústria (-3,5%) e Serviços (-4,5%), principais setores da economia nacional, guiaram as perdas.
Segundo o IBGE, a variação positiva da Agropecuária ocorreu com crescimento da produção e ganho de produtividade da atividade agricultura, suficiente para limitar o fraco desempenho das atividades de Pecuária e Pesca. No campo, os destaques ficaram por conta das produções de soja (7,1%) e café (24,4%), que alcançaram produções recordes na série histórica iniciada em 1996.
Na Indústria (-3,5%), o destaque negativo foi guiado pelo desempenho da Construção (-7%). A atividade das Indústrias de Transformação também recuou (-4,3%) entre janeiro e dezembro do ano passado.
Já no setor de Serviços, o mais afetado pelas medidas de distanciamento social, as maiores perdas foram computadas pelas áreas de atividades de serviços (-12,1%), transporte, armazenagem e correio (-9,2%), administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (-4,7%) e comércio (-3,1%).
R7