Muitos eleitores, entretanto, optam por votar em branco, nulo ou até se abstêm da votação, como indicaram os últimos pleitos. Em 2018, brancos, nulos e abstenções bateram o recorde desde o fim da ditadura militar, com pouco mais de 42 milhões de pessoas.
Especialistas ouvidos pelo R7 avaliam este comportamento e comentam de que maneira a opção por esta espécie de ‘alienação eleitoral’ pode impactar no pleito.
O professor da USP (Universidade de São Paulo) e cientista político aponta que, sobretudo num país onde o voto é obrigatório, o voto em branco ou nulo é uma opção válida num regime democrático liberal.
Mas, relembra Peres, “deve ficar claro que, ao não escolher ninguém, o eleitor está deixando que outros escolham por ele, e o resultado pode ser ainda pior para ele, já que os candidatos não são todos iguais e sempre é possível identificar uma alternativa ‘menos pior’ do que outra”.
O cientista político Maurício Santoro, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), também relembra o direito do voto nulo ou em branco, e considera que, se um em cada três brasileiros não quis votar em qualquer candidato, possivelmente por desilusão com a política em “uma eleição marcada pela raiva e a antipolítica”, nesta eleição o cenário pode ser um pouco diferente.
Santoro acredita que, em 2020, com mais políticos veteranos e pessoas que já exerceram cargos públicos antes, o cenário possa ser diferente de dois anos atrás, com maior interesse das pessoas na escolha por um candidato.
O cientista avalia que, levando em conta o papel político de cada cidadão, o que o país espera da população a cada dois anos nas eleições é “muito pouco, um pedido simples”.
Vale a pena cumprir esse dever, prossegue Santoro, e “fazê-lo da melhor maneira possível, lembrando o quanto o comportamento desses políticos é importantíssimo para nossa vida cotidiana e garantir o nosso acesso a direitos básicos e serviços públicos essenciais”
Peres ressalta que cada eleitor deve pensar que “se você não escolher, alguém escolherá por você, e é sempre possível piorar. Estamos vendo que o cenário político sempre pode estabelecer patamares piores do que o presente e votar é uma maneira de corrigir desvios”.
Um pensamento comum ao se considerar a abstenção ou anular um voto, como avaliam os especialistas, é a falta de boas opções nos cargos disputados.
Para fazer uma boa escolha na eleição, Maurício Santoro aconselha que o essencial é conhecer “o que cada candidato está propondo, se aquelas ideias e sugestões são condizentes com aquilo que cada pessoa deseja, e depois fiscalize o trabalho”.
Glauco Peres recorda que é importante diferenciar as funções de prefeitos e vereadores. O prefeito é o chefe do Executivo, prossegue ele, e tem a função de executar as políticas públicas, enquanto o vereador deverá elaborar leis e fiscalizar as ações do Executivo.
“Sendo uma eleição proporcional, é possível escolher um vereador que traga questões mais específicas, típicas de minorias, para dentro da Câmara Municipal e aquele olhar passe a ser incorporado nas discussões públicas da cidade. Deste jeito, deve-se pensar quem é o candidato ou a candidata mais apta a exercer funções deste tipo”comenta.
R7