A compra de um carro usado exige muita atenção pois, assim como tem gente honesta, tem também os “espertos” capazes de qualquer maracutaia para enganar o comprador. Deve ser por isso que, nos EUA, quando se toca no assunto, a pergunta é “Você compraria um carro usado desse cara?”A eletrônica incorporada ao carro dá margem a inúmeras desonestidades. Uma delas é o hodômetro, marcador de quilometragem num painel dentro do velocímetro.
Antes, o hodômetro era mecânico, com os dígitos girando em pequenos tambores. Para “reduzir” a quilometragem, haviam os “especialistas” que voltavam, em segundos, de 95.000 para 32.500 km. Era o “Zé marcha-ré”. Hoje, ele é digital, funciona eletronicamente e muitos acham que ficou praticamente impossível adulterar a quilometragem rodada pelo carro. É isso mesmo?
É e não é…
A operação de “rejuvenescer” o carro reduzindo o hodômetro continua tão simples no eletrônico como era antigamente no mecânico. Mas, com uma fundamental diferença: antes, a redução da quilometragem não deixava rastros. Só era possível descobrir a fraude pelo registro de revisões no manual, aquele carimbo da concessionária da revisão tendo sido realizada aos 40 mil km e, dois anos depois, o hodômetro marcando 25 mil km…ou o adesivo de troca de óleo no parabrisa: “Próxima troca aos 70 mil km”, o dobro da quilometragem marcada.
Nos carros mais modernos, o hodômetro eletrônico está integrado à central eletrônica que registra todo o seu histórico. Os problemas ocorridos, as revisões realizadas e também a quilometragem rodada. Então, a loja desonesta pode chamar o “Zé marcha-ré” para executar a gambiarra e reduzir a quilometragem, mas o número real continua registrado na central. Quem estiver adquirindo o carro poderá ser enganado, mas a realidade surge assim que o carro estiver na oficina e ligado ao computador.
Ou seja, no passado, era impossível descobrir a fraude. Hoje, dá para pegar o desonesto com a boca na botija e, por isso, as lojas estão evitando a maracutaia.
R7