** No ano passado, 46,5% da população baiana, ou 6,949 milhões de pessoas, podiam ser consideradas pobres, pois viviam com um rendimento domiciliar per capita médio inferior a R$ 475 por mês;
** Foram os maiores número e percentual de pobres no estado, nos nove anos de série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do IBGE, iniciada em 2012;
** Embora o percentual de pobres na Bahia fosse apenas o 11º do país, em números absolutos o estado manteve o 2º maior contingente de pessoas abaixo da linha da pobreza, em 2021, menor apenas do que o registrado em São Paulo;
** Frente a 2020, o número de pobres na Bahia aumentou 24,2%, com mais 1,356 milhão de pessoas nessa condição, em apenas um ano – o maior crescimento desse grupo em toda a série histórica;
** Já em Salvador, 33,2% da população (937 mil pessoas) estavam abaixo da linha da pobreza em 2021, também os números mais elevados desde 2012;
** Houve um crescimento expressivo frente a 2020, de 44,2% ou mais 284 mil pessoas em situação de pobreza, em um ano – maior aumento absoluto entre as capitais;
** Em 2021, a extrema pobreza atingia 15,8% da população baiana (2,363 milhões de pessoas, maior contingente do país), e Salvador manteve a maior proporção de extremamente pobres entre as capitais (11,2%, 323 mil pessoas);
** Entre 2016 e 2021, rendimento domiciliar per capita na Bahia caiu, em média, 1,4% ao ano; recuo foi de 6,7% ao ano entre os que ganham menos;
** Na Bahia, em 2021, 6 de cada 10 trabalhadores ganhavam, em média, menos que o salário mínimo (R$ 1.100, na época); renda quase triplicava para quem tinha ensino superior completo;
** Em 2021, na Bahia, 1/3 das pessoas desocupadas procurava trabalho há pelo menos dois anos e 3 em cada 10 jovens não estudavam nem trabalhavam;
** As informações integram a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2021. A partir de resultados de pesquisas do IBGE e outras instituições confiáveis, esta edição da publicação, além de analisar dados sobre pobreza e distribuição de renda, aborda as inúmeras desigualdades do mercado de trabalho e traz indicadores de saúde.
Em 2021, tanto na Bahia quanto em Salvador, a pobreza e a extrema pobreza atingiram patamares recordes nos nove anos de série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do IBGE, iniciada em 2012.
No ano passado, 46,5% da população baiana, ou 6,949 milhões de pessoas, podiam ser consideradas pobres, levando em conta apenas o critério da renda. Elas viviam com um rendimento domiciliar per capita médio inferior a R$ 475 por mês.
Com a quarta maior população em geral dentre as 27 unidades da Federação, a Bahia tinha, em 2021, o segundo maior número absoluto de pessoas na pobreza (6,949 milhões), atrás apenas de São Paulo, estado mais populoso do país, onde 8,150 milhões de pessoas podiam ser consideradas pobres (só 17,5% de todos os paulistas).
Entretanto, o percentual de pobres na Bahia (46,5%) era apenas o 11o mais elevado, num ranking liderado por Maranhão (57,5% ou 4,1 milhões de pobres), Alagoas (51,7% ou 1,7 milhão) e Pernambuco (51,0% ou 4,9 milhões).
Frente a 2020, quando a proporção de pessoas em pobreza monetária na Bahia tinha sido a menor da série histórica (37,5% ou 5,593 milhões em números absolutos), o número de pobres no estado aumentou 24,2%. Isso significou mais 1,356 milhão de pessoas em situação de pobreza, em apenas um ano – o maior crescimento desse grupo em toda a série histórica.
Mesmo comparando com 2012, primeiro ano da série e, até então, o recordista em índice de pobreza na Bahia (quando 46,0% da população do estado, ou 6,632 milhões de pessoas podiam ser consideradas pobres), houve uma piora do quadro em 2021, com mais 317 mil pobres, num aumento de 4,8%.
A situação foi muito semelhante no município de Salvador.
Em 2021, 33,2% dos moradores da capital baiana estavam abaixo da linha da pobreza, o que significa que 937 mil pessoas viviam com rendimento domiciliar per capita inferior a R$ 475 por mês.
Quarta capital brasileira em população total, Salvador tinha, no ano passado, o terceiro maior número absoluto de pessoas abaixo da linha da pobreza, abaixo apenas de São Paulo/SP (2,1 milhões, 16,9% da população) e Rio de Janeiro (1,1 milhão, 16,6% da população).
Percentualmente, porém, Salvador caía para 12ª posição, num ranking liderado por Boa Vista/RR (40,7%, 169 mil pessoas), Rio Branco/AC (39,4%, 165 mil pessoas) e Manaus (38,6%, 870 mil pessoas).
Além de Salvador ter registrado a maior proporção e o maior número absoluto de pobres dos últimos nove anos (desde 2012), houve um crescimento expressivo frente a 2020, de 44,2% ou mais 284 mil pessoas em situação de pobreza, em um ano.
No Brasil como um todo, a proporção de pessoas abaixo da linha da pobreza também cresceu de 2020 para 2021, atingindo seu maior patamar nos nove anos de série histórica da PNAD Contínua. No ano passado, 29,4% da população brasileira (62,525 milhões de pessoas) viviam com rendimento domiciliar per capita menor que R$ 486 por mês. Em 2020, 24,1% estavam em situação de pobreza no país.
Na passagem de 2020 para 2021, a ocorrência de pobreza aumentou em todas as 27 unidades da Federação. A Bahia teve o 3º maior aumento absoluto (+1,356 milhão de pessoas), abaixo de São Paulo (+1,523 milhão) e Minas Gerais (+1,450 milhão), mas apenas o 10o crescimento em termos percentuais (+24,2%).
Já entre as capitais, Salvador registrou o maior crescimento absoluto no número de pessoas abaixo da linha de pobreza, entre 2020 e 2021 (+284 mil pobres), seguida por São Paulo/SP (+226 mil pessoas) e Manaus (+192 mil). Percentualmente, a capital baiana teve o 4º maior aumento da pobreza (+44,2%), abaixo de Porto Velho/RR (+61,9%, +74 mil pessoas), Aracaju/SE (+60,4%, +86 mil pessoas) e Campo Grande/MS (+46,7%, +59 mil pessoas).
O Brasil não tem uma linha oficial de pobreza monetária.
Os valores de R$ 475, para Bahia e Salvador, e de R$ 486 para o país como um todo equivalem a US$ 5,50 por dia em paridade de poder de compra (PPC). Esse é o critério definido pelo Banco Mundial para a linha de pobreza em países de renda média-alta, entre eles o Brasil, e adotado nacionalmente para acompanhamento das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Já a linha de extrema pobreza, R$ 164 para Bahia e Salvador e R$ 168 para o Brasil como um todo, corresponde a US$ 1,90 por dia em poder de paridade de compra (PPC), critério que também é fixado pelo Banco Mundial.
Em 20201, extrema pobreza atingia 15,8% dos baianos, e Salvador manteve maior proporção de extremamente pobres entre as capitais (11,2%)
A extrema pobreza também avançou entre 2020 e 2021, na Bahia, em Salvador e no Brasil, atingindo, nos três casos, o maior número de pessoas nos nove anos de série histórica da PNAD Contínua.
No ano passado, 15,8% da população baiana estavam abaixo da linha de extrema pobreza monetária. Isso significa 2,363 milhões de pessoas vivendo com um rendimento domiciliar médio per capita inferior a R$ 164 por mês.
A Bahia manteve, em 2021, o maior número de pessoas abaixo da linha de extrema pobreza no país (2,363 milhões), posto que ocupa desde o início da série histórica da PNAD Contínua, em 2012. Em termos percentuais, o estado ficava em 4o lugar, abaixo de Maranhão (21,1% ou 1,5 milhão de extremamente pobres), Pernambuco (18,7% ou 1,8 milhão) e Acre (16,5% ou 147 mil).
Frente a 2020, o número de extremamente pobres na Bahia aumentou 59,9%, o que representou mais 885 mil pessoas nessa situação, em um ano, no estado – também um crescimento recorde desde 2012.
Em Salvador, 11,2% da população ou 323 mil pessoas viviam abaixo da linha da extrema pobreza em 2021. O percentual havia sido de 8,4% em 2020 (241 mil pessoas), o que representou 82 mil pessoas entrando na extrema pobreza entre um ano e outro – num crescimento de 34,0% nesse contingente.
Com esse aumento, Salvador se manteve, pelo segundo ano consecutivo, como a capital brasileira com maior proporção da população vivendo em situação de extrema pobreza monetária. Em 2019, era apenas a 10a nesse ranking.
Em termos absolutos, o total de pessoas extremamente pobres na capital baiana (323 mil pessoas) ficava abaixo apenas do registrado em São Paulo/SP (530 mil pessoas abaixo da linha de extrema pobreza, 4,3% da população paulistana).
No Brasil como um todo, também houve, entre 2020 e 2021, um expressivo aumento no contingente de pessoas vivendo abaixo da linha de extrema pobreza (+48,2% ou mais 5,811 milhões), que chegou a 17,858 milhões, representando 8,4% da população brasileira.
Esse grupo cresceu em 26 das 27 unidades da Federação, tendo se reduzido apenas no Paraná (-1,5% ou menos 7.000 pessoas). A Bahia teve o maior aumento absoluto (+885 mil pessoas na extrema pobreza, entre 2020 e 2021), embora tenha registrado apenas o 10o crescimento em termos percentuais. (+59,9%).
De 2020 para 2021, a extrema pobreza aumentou em 20 das 27 capitais. Salvador também liderou em termos de crescimento absoluto (+82 mil pessoas), mas ficou apenas em 13º lugar em termos percentuais (+34,2%).
A redução dos valores e da abrangência e o aumento dos critérios para concessão do Auxílio Emergencial, em 2021, provavelmente tiveram impactos sobre o aumento da extrema pobreza e da pobreza no ano, já que os programas emergenciais de transferência de renda tiveram importante papel na redução da pobreza e desigualdade em 2020.
Adiciona-se a esses fatores a ausência de uma recuperação efetiva do mercado de trabalho em 2021, o que teve efeitos significativos sobre o rendimento dos domicílios, em especial dos mais pobres.
Mesmo com todas as limitações, quando não são levados em conta, na composição do rendimento, os benefícios dos programas sociais governamentais concedidos em 2021, tanto a pobreza quanto a extrema pobreza seriam ainda maiores.
Na Bahia, a proporção de pessoas que poderiam ser consideradas pobres subiria de 46,5% para 52,5%, enquanto a de extremamente pobres subiria de 15,8% para 23,2%. No Brasil como um todo, os percentuais iriam, respectivamente, de 29,4% para 32,5% e de 8,4% para 12,2%.
Entre 2016 e 2021, rendimento domiciliar per capita na Bahia caiu, em média, 1,4% ao ano; recuo foi de 6,7% ao ano entre os que ganham menos
As maiores restrições nos programas sociais e a ainda incipiente recuperação do mercado de trabalho são explicações conjunturais para o aumento da pobreza monetária em 2021. Entretanto, o valor real (descontados os efeitos da inflação) do rendimento domiciliar per capita mensal mostra uma trajetória de queda média anual na Bahia desde 2016, sendo o recuo ainda mais intenso para os 10% com os menores rendimentos, ou seja, os mais pobres.
Considerando os cinco anos entre 2016 e 2021, o rendimento mensal domiciliar per capita no estado caiu, em média, 1,4% ao ano, passando de R$ 906 para R$ 845, no período. A perda entre os 10% de pessoas com menores rendimentos, porém, foi bem maior, de 6,7% ao ano, em média, tendo valor da renda per capita média dessas pessoas recuado de R$ 136 para R$ 96.
Mesmo ampliando o grupo para os 40% de pessoas com menores rendimentos domiciliares per capita, a queda média anual na renda também ficou acima da média, em 2,0% ao ano, passando de R$ 340, em 2016, para R$ 308 em 2021.
No país como um todo, o quadro foi similar ao baiano. Entre 2016 e 2021, o rendimento domiciliar per capita mensal caiu, em média, 1,2% ao ano, de R$ 1.439 para R$ 1.353. Entre os 10% mais pobres, a retração média foi de 6,6% ao ano (de R$ 132 para R$ 94), enquanto entre os 40% com menores rendimentos o recuo foi de 2,1% ao ano (de R$ 377 para R$ 339, no período).
Na Bahia, em 2021, 6 de cada 10 trabalhadores ganhavam, em média, menos que o salário mínimo; renda triplicava com ensino superior completo
Responsável por cerca de 70% da composição do rendimento domiciliar (base para as linhas de pobreza e extrema pobreza), o salário médio (rendimento médio real mensal habitualmente recebido no trabalho principal) na Bahia era o terceiro mais baixo do país, em 2021: R$ 1.543. Ficava aquém da média nacional (R$ 2.406) e acima apenas dos verificados no Piauí (R$ 1.409) e no Maranhão (R$ 1.452).
Na Bahia, os rendimentos médios de trabalho mais baixos eram os recebidos pelo empregados sem carteira assinada, inclusive trabalhadores domésticos (R$ 1.012) e pelos trabalhadores por conta própria (R$ 1.060). Ambos os valores estavam abaixo do salário mínimo da época (R$ 1.100). Esses dois grupos eram majoritários no meracdo de trabalho baiano, representando quase 6 em cada 10 pessoas ocupadas: 57,1% de todos os trabalhadores na Bahia, ou cerca de 3,0 milhões de pessoas.
Por outro lado, os maiores rendimentos médios de trabalho no estado eram os de empregadores (R$ 3.761) e funcionários públicos estatutários ou militares (R$ 3.093), que representavam 1 em cada 10 trabalhadores: 12,1% ou 637 mil pessoas.
Além da forma de inserção no mercado de trabalho (posição na ocupação), outro fator importante de aumento do salário médio é o nível de instrução. Quanto mais escolarizado o trabalhador, maior seu rendimento médio por hora trabalhada. Ter ensino superior significava ganhar, em média, quase o triplo.
No ano passado, os trabalhadores com ensino superior completo na Bahia recebiam, me média, R$ 25,90 por hora trabalhada, enquanto aqueles que só tinham ensino médio completo ou superior incompleto ganhavam, em média, R$ 9,60 por hora.
O rendimento-hora dos trabalhadores com ensino superior era quase quatro vezes o daqueles que tinham apenas concluído o ensino fundamental (R$ 6,70/hora) e quase cinco vezes o dos que tinham, no máximo, o fundamental incompleto (R$ 5,50/hora).
Em 2021, na Bahia, 1/3 das pessoas desocupadas procurava trabalho há pelo menos dois anos e 3 em cada 10 jovens não estudavam nem trabalhavam
Além dos baixos rendimentos médios de trabalho, a Bahia ainda enfrentava, em 2021, uma desocupação elevada e prolongada. Havia no estado também uma proporção importante de adolescentes e jovens que não estudavam nem trabalhavam.
A taxa de desocupação baiana era 21,3%, a mais alta do país, e 1,418 milhão de pessoas estavam procurando trabalho (desocupadas). Uma em cada três dessas pessoas procurava trabalho havia pelo menos dois anos, sem encontrar: 33,2% ou 470 mil, em números absolutos.
A proporção de pessoas em desocupação prolongada na Bahia (33,2%) foi a maior para o estado nos nove anos de séria histórica da PNAD Contínua, desde 2012. Era também o 4º maior percentual entre os 27 estados, abaixo apenas dos verificados no Amapá (51,9% dos desocupados procuravam trabalho há pelo menos dois anos), na Paraíba (36,4%) e no Rio de Janeiro (35,7%).
No Brasil como um todo, em 2021, 24,5% das pessoas desocupadas estavam procurando trabalho havia pelo menos dois anos.
A Bahia também seguia, no ano passado, com uma parcela expressiva de sua população jovem que não estava estudando nem trabalhando (podendo estar procurando ou não trabalho). Essa era a situação de quase 3 em cada 10 pessoas de 15 a 29 anos de idade no estado: 29,8% ou 1,052 milhão em números absolutos.
O percentual de adolescentes e jovens que não estudavam nem trabalhavam na Bahia estava um pouco acima do verificado no Brasil como um todo (25,8% ou 12,7 milhões de pessoas de 15 a 29 anos nessa condição) e era o 10º entre as 27 unidades da Federação.
Na Bahia, essa proporção já chegou a ser mais próxima de 20,0% em 2014, quando atingiu seu patamar mais baixo (23,4%), mas aumentou e gira em torno de 30,0% desde 2016, sem mostrar alteração significativa.