O comércio varejista baiano retraiu suas vendas em 1,2% no segundo mês de 2023 frente ao mês imediatamente anterior, na série livre de influências sazonais. No cenário nacional, na mesma base de comparação, os negócios se mantiveram estáveis (-0,1%). Na relação a igual mês do ano anterior, as vendas no varejo baiano recuaram 2,7%. No país, a expansão foi de 1,0%, em relação à mesma análise. Esses dados foram apurados pela Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), analisados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia vinculada à Secretaria do Planejamento.
A retração nas vendas do comércio varejista é atribuída, principalmente, ao efeito calendário, uma vez que neste ano o carnaval ocorreu inteiramente em fevereiro. A interrupção dessa festividade em anos anteriores, devido à pandemia, levou a uma adesão substancial em 2023, o que contribuiu para o fechamento de boa parte do comércio. Além do que, as incertezas quanto ao comportamento da atividade econômica ainda persistem, dada a inflação, taxa de juros e elevado grau de endividamento das famílias. Segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) do FGV IBRE caiu 1,3 pontos em fevereiro, passando para 84,5, menor nível desde agosto de 2022 (83,6 pontos).
Atividades
Por atividade, em fevereiro de 2023, os dados do comércio varejista do estado baiano, quando comparados aos de fevereiro de 2022, revelam que seis dos oito segmentos que compõem o indicador registraram comportamento negativo. A retração nas vendas foi verificada nos segmentos de Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-50,0%), Móveis e eletrodomésticos (-26,6%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-13,3%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-9,2%), Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,8%), e Livros, jornais, revistas e papelaria (-0,9%). Os demais segmentos registraram comportamentos positivos: Combustíveis e lubrificantes (11,5%) e Tecidos, vestuário e calçados (2,7%). No que diz respeito aos subgrupos, verificam-se que Móveis, Hipermercados e supermercados e Eletrodomésticos recuaram 56,1%, 0,9% e 0,8%, respectivamente.
Na comparação com janeiro de 2023, o segmentode Móveis e eletrodomésticos, Outros artigos de uso pessoal e doméstico e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos exerceram as maiores influências negativas para o varejo. Móveis e eletrodomésticos apresentou a maior contribuição negativa, atribuída ao comprometimento da renda do consumidor com a inflação elevada, taxa de juros e encarecimento do crédito, o que resultou no aumento do endividamento das famílias e levou à retração das vendas.
Outros artigos de uso pessoal e doméstico e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos voltam a registrar recuos nas vendas. O primeiro apresenta pela décima primeira vez resultado negativo. Atividade que engloba lojas de departamentos, óticas, joalherias, artigos esportivos, brinquedos etc. teve, nesse mês, o seu comportamento influenciado pelo fechamento do comércio de rua e dos shoppings centers no período do carnaval. O segundo retraiu suas vendas pela segunda vez consecutiva em função de um efeito base, já que em igual mês do ano passado houve um repique da pandemia por conta da variável Ômicron, mas também à acomodação da atividade frente à redução de casos de Covid-19, e da elevação dos preços dos produtos comercializados.
Por outro lado, Combustíveis e lubrificantes e Tecidos, vestuário e calçados influenciaram positivamente o setor. O crescimento da atividade do primeiro é atribuído ao efeito base, já que em igual mês do ano passado a atividade registrava variação negativa de 12,9% e também do efeito da deflação dos preços dos combustíveis praticados nesse mês. De acordo com os dados do IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou nos meses de janeiro e fevereiro de 2023, para o item combustíveis (veículos) taxas de 6,56% e -1,02%, respectivamente, em Salvador/BA.
Tecidos, vestuário e calçados registraram variação positiva pelo segundo mês consecutivo. As promoções realizadas pelos lojistas no período que antecederam a realização do carnaval contribuíram para o aquecimento das vendas nesta atividade.