Sem querer negociar um acordo com os trabalhadores até mesmo na mediação que ela pediu ao Ministério Público do Trabalho, a Embasa vai ter de explicar à sociedade porque seus empregados farão nesta quarta e quinta (dias 7 e 8) uma nova paralisação de advertência, desta vez de 48 horas (a primeira durou um dia e aconteceu em 23 de julho). Eles decidiram suspender os serviços mais uma vez para forçar a empresa a negociar o acordo coletivo deste ano, o que já deveria ter acontecido desde primeiro de maio, que é a data-base da categoria.
A empresa sabe o quanto é prejudicial para a sociedade ficar sem o funcionamento normal de atividades como ligação e religação de água, ligação e conserto de esgoto, manobras na rede de abastecimento, atendimento ao público etc. Prefere apostar no pior, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente da Bahia (Sindae), querendo corrigir o salário pela inflação de 12 meses (5,07%) e, na outra ponta, quer impor a cobrança de 10% a mais no plano de saúde. Ou seja, toma em dobro o que deu.
É uma situação muito grave: quem vê um trabalhador da Embasa na rua não sabe que ele reflete uma empresa com alto índice de adoecimento. O Ministério Público do Trabalho impôs a ela, anos atrás, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) sobre saúde e segurança do trabalho, com 72 itens, e até hoje ela só vem cumprindo 19% do total, e destes a maior parte de forma parcial. Ela disponibiliza plano de saúde e cobra por ele, mas agora quer cobrança ainda maior, impondo o sistema de coparticipação, pelo qual o empregado também paga por cada procedimento médico. Uma cobrança dupla, em vez de melhorar as condições de trabalho.