Grande desafio da indústria é fazer produto se destacar em meio ao aumento da concorrência
Um experiente jornalista italiano afirmava, nos corredores do recém-encerrado Salão de Milão, que mostras internacionais são excelentes lugares para se apaixonar.
Sonhar, sabemos, é grátis. Não há dúvida de que salões, seja de motos ou de carros, são verdadeiros shows cujo objetivo principal é fazer o coração dos visitantes bater mais forte. Despertar um desejo que termine na compra do ambicionado veículo.
Homens de marketing quebram a cabeça e chegam a oferecer qualidades inexistentes em uma motocicleta comum para tornar os produtos objetos do desejo. Há algumas joias raras que já nascem fazendo sucesso e acabam se vendendo sozinhas.
No meu caso, fui picado pelo vírus da motocicleta não em um salão, mas sim numa grande loja de departamentos em São Paulo. A visão de uma reluzente Yamaha Mini-Enduro, uma trail cinquentinha hoje considerada cult-bike, me enfeitiçou. Isso foi aos 12 anos.
Logo depois disso descobri outra revenda perto do parque do Ibirapuera, cheia de minimotos. Resultado: mais de 40 anos depois, o sonho e a peregrinação em busca da moto perfeita continuam.
Apesar do enorme progresso da indústria motociclística, da pluralidade de tipos, estilos, preços e tamanhos, modelos apaixonantes são raros. Ou caros. Ou ambos.
Não há à venda algo tão surpreendentemente singular, inovador e sedutor como foi a seu tempo a Yamaha Mini-Enduro. A época é outra e a captação de novos consumidores exige estratégias complexas. Uma coisa, porém, continua inalterada: a conquista de clientes fiéis exige motos que despertem paixão.
uol