Mesmo com queda de mercado e aumento da concorrência, Honda ainda detém 84% de participação, deixando para rivais as migalhas
Enquanto outras partes do mundo (especialmente a Europa) festejam a retomada do crescimento do mercado de motos, o Brasil lamenta o pior ano da década em vendas: foram 858.158 emplacamentos no ano passado, decréscimo brutal de 27,9% face 2015.
O magro resultado fez nosso mercado retroceder ao tamanho que tinha em 2003, com um detalhe: há 13 anos tínhamos só quatro montadoras estavam associadas à Abraciclo — Honda e Yamaha, com 99% de participação somada, e as extintas Kasinski e Sundown, que brigavam pelas migalhas.
Hoje operam dez, o que significa que a margem de todas está cada vez menor. Menos às de Honda e Yamaha, claro. Enquanto a primeira continua líder disparada, com 719.669 unidades ou 84% de participação, a segunda tem comercializou 95.582 unidades e ficou com fatia de 11%.
Ou seja: o oligopólio japonês caiu de maneira muito tímida, para ainda inalcançáveis 95%. Para se ter ideia da discrepância, a Suzuki, terceira colocada no ranking, emplacou meras 12.374 unidades, o que lhe rendeu participação de mero 1,44%.
Tudo bem que as duas fabricantes nipônicas também são as preferidas em âmbito global, mas a diferença é que aqui a vantagem da Honda é brutal: para cada Yamaha, mais de sete Honda chegam às nossas ruas.
O modelo mais vendido continua sendo a linha CG, em suas diversas configurações e versões. Todavia, foi a NXR 160 Bros a campeã em vendas individuais: 118.224 exemplares contra 109.695 da CG 160 Fan.
Na Europa, vez é da Yamaha
Se aqui o domínio da Honda parece intransponível, na Europa as novidades da Yamaha logo conquistaram uma excelente aceitação por parte do exigente consumidor, colocando-a na privilegiada posição de fabricante nº 1 em vendas durante 2016 no Velho Continente.
Os modelos mais significativos desta reação da marca japonesa foram as sport touring Tracer (900 e 700) e a família de nakeds MT (09 e 07), com a “sport heritage” derivada XSR 700. Destas. somente as três últimas são vendidas por aqui.
A fabricante liderou ainda um segmento de muito prestígio, mas que nos últimos anos enfrenta forte declínio de vendas na Europa: o das superesportivas, com a YZF-R1. Também fizeram sucesso — e menor grau — as representantes de 300 cc YZF-R3 e MT-03, ambas lançadas no Brasil em conjunto no primeiro trimestre do ano passado.
Por fim, comemora a volta ao topo do mercado da Itália, considerando modelos acima de 50 cc, após ausência de sete anos.
Tais resultados são reflexo da forte retomada do mercado europeu de motocicletas. De acordo com a associação de fabricantes do continente, os emplacamentos em 2016 cresceram 9,1% em relação ao ano anterior, atingindo 1.307.206 unidades.
Esta nova fase de crescimento já permite ao setor prever um 2017 positivo, mas que dificilmente será capaz de reproduzir os números pré-crise de 2007, ano recorde no qual os emplacamentos alcançaram a cifra de 2,43 milhões de unidades.
uol