A atriz norte-americana Marcia Cross, 57, conhecida pelo seu papel na série Desperate Housewives, declarou a um programa de TV que o câncer anal, o qual tratou no último ano, provavelmente foi ocasionado pelo HPV (vírus do papiloma humano). Segundo a atriz, o subtipo do vírus teria sido o mesmo causador do câncer de garganta de seu marido, em 2009.
De acordo com o cirurgião do aparelho digestivo Marcos Belotto, do Hospital Sírio-Libanês, o HPV, embora tenha grande relação com o câncer de colo de útero, também pode ocasionar o câncer anal. Isso ocorre porque o vírus gera uma série de alterações celulares, ocasionando lesões pré-cancerígenas, aumentando a predisposição à doença.
Além desses cânceres, o HPV pode gerar câncer de pênis, câncer de laringe, câncer de garganta e outros tumores associados.
Segundo a oncologista Andreia Melo, do Grupo Oncoclínicas, no Rio de Janeiro, a maior parte das pessoas já teve contato com o vírus. “Existem mais de 100 subtipos de HPV, alguns com maior risco de surgimento de câncer. Nem sempre o vírus HPV permanece de maneira persistente no organismo a ponto de provocar o câncer. A principal forma de contágio é a atividade sexual”, afirma.
O médico explica que pessoas que não tenham parceiros fixos e homossexuais estão entre os grupos de risco para contrair o HPV anal. Desta maneira, o cirurgião orienta a consulta de um especialista, pelo menos uma vez ao ano, para que seja analisada a região exterior do canal anal e se realize uma anoscopia, exame que verifica até 4 cm dentro do ânus, permitindo a localização de lesões ocasionadas pelo vírus.
Por meio de tais exames, o profissional poderá diagnosticar o HPV e realizar o tratamento, retirando ou cauterizando as lesões, o que ajudará a prevenir a formação de um câncer. “As pessoas acham que o HPV só ocasiona verruguinhas, mas elas podem evoluir para o câncer”, explica.
Com o diagnóstico, é possível saber se o subtipo do vírus contraído é maior ou menor potencializador de câncer e tratá-lo. “É importante que esse tratamento seja feito pelo casal, pois os dois podem estar com o vírus”, afirma Belotto.
A oncologista explica que os sintomas do câncer anal são sangue nas fezes, alteração do hábito intestinal, coceira, ardor, feridas e incontinência fecal.
O câncer anal, segundo o médico, pode ser tratado e é altamente curável por meio de quimioterapia e radioterapia, se estiver em estágio inicial. Já em casos que o câncer esteja avançado, pode ser necessária a intervenção cirúrgica, fechando a abertura anal e desviando o intestino para outra saída, no caso, uma bolsa de colostomia.
Belotto afirma que a prevenção do HPV e, consequentemente, desses tipos de câncer, pode ser realizada por meio da vacinação e do uso de preservativo durante as relações sexuais. Andreia ressalta ainda que o preservativo não protege 100%, mas minimiza o risco de contágio. “A mucosa infectada pode transmitir o vírus”.
R7