Representantes de diversas entidades negras celebraram o lançamento dos projetos AfroBiz e AfroEstima, pela Prefeitura de Salvador, nesta quarta-feira (21). As iniciativas compõem dois dos quatros eixos do Plano para o Desenvolvimento do Turismo Étnico-Afro e chegam para fortalecer o afroempreendedorismo, fomentar a inovação e valorizar o rico caldeirão cultural da cidade, que tem em sua base saberes e tradições africanos.
Na prática, as duas ações do plano são voltadas para os diversos atores envolvidos na cadeia produtiva do turismo étnico-afro, tais como baianas de acarajé, capoeiristas, artistas, designers, artesãos, griôs, blocos afros, afoxés, terreiros, feirantes, ambulantes, produtores culturais, guias de turismo, meios de hospedagem e agências. Quem está inserido em algum desses segmentos passa a ter à disposição uma plataforma virtual, para divulgação de produtos e serviços, além de poder participar de rodadas de negócios e capacitação.
“A capital baiana tem 82% de sua população negra, no setor cultural somos 56%. Precisamos de projetos como esses, que dão visibilidade a nossos empreendimentos e ações, e alavancam a nossa economia”, pontua a presidente da Associação Cultural Aspiral do Reggae, Jussara Santana.
A coordenadora nacional da Associação das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivo e Similares (Abam), Rita Santos, não tem dúvidas de que o AfroBiz e AfroEstima darão o suporte necessário para que muitas baianas de acarajé se reinventem, após mais de um ano de pandemia. “Desde março do ano passado, a maioria delas ficou sem trabalhar. Acredito que esses projetos irão colaborar para prepará-las para a reinserção no mercado de trabalho”, afirmou.
Para o presidente do Conselho Municipal de Comunidades Negras de Salvador (CMCN), Evilásio Bouças, Salvador tem na população negra grande potencial de produção. Segundo ele, com a assistência de políticas públicas, todo esse ativo será estimulado, para geração de novos negócios, emprego e renda. “Iniciativas pensadas com a perspectiva de possibilitar que produtores de cultura e de conhecimento da cidade desenvolvam seus trabalhos, de forma organizada, trarão sem dúvidas grandes frutos, num futuro bem próximo”, comentou.
Já o compositor, publicitário e mestre de capoeira Tonho Matéria enfatizou que a “capital baiana não respira sem a cultura negra”. “Tudo o que temos aqui faz parte disso e seria um erro não dialogar com esse setor, que é composto por inúmeros empreendedores afros”, disse.
Ele acrescentou que a capoeira é uma das manifestações que mais ajuda a divulgar a capital baiana no mundo. “Ela está em mais de 160 países. Apenas com os eventos que realizo consigo trazer gente de mais de 15 países, anualmente, para a cidade. Agora, com o AfroBiz e AfroEstima, esperamos fomentar o turismo e a cultura local”.
Conteúdos – O AfroBiz é uma plataforma on-line de marketplace, que já está no ar através do link www. afrobizsalvador. com . No site é possível fazer o cadastro, para divulgação e mapeamento de produtos e serviços, que podem ser acessados por investidores e consumidores do Brasil e do mundo. Ao entrar no endereço eletrônico, é possível acessar diversas seções, que estão organizadas para facilitar busca a conteúdos como “moda & beleza”, “arte & cultura”, “gastronomia”, “religião”, “flora”, “capoeira”, “baiana” e “turismo”.
Com o AfroEstima, a Prefeitura ofertará capacitações e mentoria afroempreendedora. Serão disponibilizados 13 módulos, em formato de aula expositiva e atividades complementares, envolvendo temas como empreendedorismo, marketing digital, sustentabilidade e gestão de negócios. Essas ações estão previstas para acontecer nas regiões do Centro Antigo, Rio Vermelho, Itapuã/Orla Norte e ilhas de Maré, Bom Jesus dos Passos e Frades.