O fone de ouvido virou item corriqueiro. Para assistir a vídeos e jogos, ouvir música e podcasts ou, até mesmo, falar ao telefone. Esse acessório se popularizou ainda mais com o crescimento das redes sociais. Mas vale o alerta para seu uso frequente, que pode estar associado a casos de perda auditiva e sobre a importância da prevenção a partir dos primeiros sinais desta perda. A médica otorrinolaringologista do Hospital Mater Dei Salvador, Loren de Britto Nunes, explica que a surdez pode ocorrer de vários modos: genética (congênita ou não) ou adquirida, se apresentando de diferentes formas e graus. As perdas genéticas podem estar associadas a hereditariedade, intercorrências na gravidez, no parto ou no puerpério. A forma mais comum de perda auditiva genética ocorre por uma mutação na conexina 26, levando à surdez ao nascimento. “As infecções pré-natais também aparecem entre as causas de perdas congênitas, especialmente a Rubéola, Toxoplasmose e Citomegalovírus”, explica a especialista. Mas a doença também pode ser adquirida. Nesse caso, há perda de audição ao longo da vida, que pode estar associada a doenças metabólicas não tratadas – como diabetes e dislipidemias, a infecções auditivas (otites), meningite – ou, ainda, por condições genéticas, ambientais ou relacionadas ao ambiente de trabalho (ocupacional). É este último o tipo de surdez que está associado ao excesso de exposição a ruídos. Prevenção No caso da exposição prolongada a ruídos externos sem a devida proteção, ela afeta um órgão chamado cóclea. Com a exposição contínua ao ruído elevado, as células da cóclea não resistem e se degeneram. A alteração pode ser prevenida, mas uma vez instalada, é irreversível. Para evitá-la, é necessária a adoção de alguns cuidados, como reduzir a frequência do uso de fones de ouvido e usar protetores auriculares quando houver exposição a sons muito altos. Em caso de ruído ocupacional, é importante não abrir mão do equipamento de proteção individual (EPI), fornecido pela empresa, de acordo com a indicação da função desempenhada. Além disso, existem as causas infecciosas, como otite, meningite, e para esses casos, a vacinação adequada das crianças, principalmente contra a meningite, também é uma ação preventiva importante. No caso das doenças congênitas, o acompanhamento durante o pré-natal é fundamental para detectar e tratar precocemente as alterações que possam levar à surdez, como as infecções causadas pelo citomegalovírus, sífilis, rubéola e toxoplasmose. A perda gradativa da audição pode ocorrer sem que o paciente perceba a gravidade da situação. Por isso é importante ficar atento aos primeiros sinais para garantir o diagnóstico precoce e o tratamento mais adequado. Dificuldade para se comunicar em lugares ruidosos e zumbido constante no ouvido são sinais importantes, que devem ser avaliados. “Ao notar o aparecimento desses sintomas, é muito importante que o paciente agende uma consulta com um especialista, para que seja feito um diagnóstico correto para um tratamento eficaz e o mais precoce possível”, explica a médica. Tratamentos e avanços tecnológicos O tratamento da perda auditiva melhora a qualidade de vida do paciente, pois interfere positivamente na memorização de informações e evita fadiga física, exaustão mental, alterações do humor e estresse, normalmente associados à surdez. Além disso, favorece a comunicação do paciente com perda auditiva, facilitando seu convívio pessoal e profissional. Para isso, há várias opções no mercado, como aparelhos auditivos, próteses auditivas ancoradas ao osso, implante coclear e próteses de orelha média. “A depender da causa e do grau da perda auditiva, pode ser necessária também a intervenção cirúrgica. Por exemplo: pacientes com perda auditiva por perfuração no tímpano devem ser submetidos a uma cirurgia de Timpanoplastia, enquanto pessoas portadoras de Otosclerose tem a indicação da cirurgia de Estapedotomia”, esclarece a otorrinolaringologista. A Dra. Loren de Britto Nunes ressalta também que a tecnologia tem se desenvolvido bastante em relação aos tratamentos à surdez. “O Hospital Mater Dei Salvador, por exemplo, conta com um parque tecnológico a nível de centro cirúrgico, com microscópios e sistema de vídeo de última geração, que contribuem muito para uma cirurgia bem-sucedida”, avalia. Além disso, o hospital conta com infraestrutura para realizar exames diagnósticos e acesso à reabilitação auditiva dos pacientes. A médica também enfatiza a importância da inclusão de pessoas com perda e deficiência auditiva. “É importante destacar que quando não tratada adequadamente, ela pode acarretar o atraso do desenvolvimento cognitivo e de linguagem em crianças e favorecer a depressão e doenças degenerativas, como demência e Alzheimer, em idosos”, alerta. A especialista afirma também que é necessário um olhar empático, combate à estigmatização das pessoas com surdez e adoção de outras medidas sociais, como o aprendizado da Língua Brasileira de Sinais, para a inclusão desse público na sociedade. “O processo de inclusão de surdos na sociedade ainda está longe de se tornar o ideal. Porém, com o avanço tecnológico de um modo geral e a divulgação de informações, o preconceito reduziu bastante e as pessoas agora entendem que o uso do aparelho auditivo é um instrumento de melhora da qualidade de vida e de inserção social. Afinal, toda a sociedade deve contribuir para essa aceitação e inclusão de pessoas com qualquer tipo de deficiência”, finaliza. |
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