Parte das ações que integram o mês em que se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra, uma exposição diferente foi aberta no subsolo da Estação da Lapa, em Salvador, nesta terça-feira (21). Integrantes do Projeto Mais Grafite dão cara nova a 36 pilastras do local, com pinturas que retratam símbolos e ícones da cultura negra.
A pintura será realizada durante o Novembro Negro, tendo como espectadores as mais de 500 mil pessoas que circulam pelo equipamento diariamente. Configurado como uma verdadeira galeria de arte, o subsolo expõe as ilustrações de personagens como Zumbi dos Palmares e Maria Felipa.
Estratégia da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS), “o projeto Mais Grafite, no Novembro Negro, vem com o papel de homenagear as principais lideranças que lutaram, resistiram à escravidão e integraram movimentos como a Revolta dos Búzios”, explica o titular da pasta, Carlos Martins.
As ilustrações ficam por conta dos instrutores do projeto, os artistas Júlio Costa, Bigode, Marcos Prisk e Questão, e estão sendo feitas com tintas capazes de resistir à exposição à chuva e ao sol. Grafiteiro há 20 anos e integrante do Museu de Street Arte de Salvador (Musas), Júlio Costa destaca que as oficinas do Mais Grafite possuem “uma dinâmica que permite que qualquer um participe. Elas envolvem técnicas de usar a lata, chapar, traçar, esfumaçar e até de segurança, inclusive como se comportar em uma pintura de rua”.
Transversalidade
Nessa exposição na Lapa, a SJDHDS tem a parceria da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi). “Esse evento reforça a tarefa de transversalidade das políticas públicas, ocupando o espaço com a possibilidade reflexiva de construir e formar um Estado livre do racismo”, comemora a coordenadora executiva da Sepromi, Cleia Costa.
Nesta terça (21), a abertura da mostra teve a presença de alunos da rede estadual, que ajudaram os artistas a ilustrar duas das 36 pilastras, e da música do Olodum. Empolgada, Kawanny Silva, estudante do 8º ano, conta que “foi muito significativo que meu primeiro contato com a arte tenha acontecido na Lapa”. Já Vinícius Sapucaia, aluno do 6º ano, participou de uma oficina do Mais Grafite e consegui dar conta da atividade na Lapa, “mesmo aqui tendo uma superfície arredondada, diferente do muro que pintei na escola em que estudo”.
A exposição fica aberta pelos próximos seis meses, levando beleza e consciência à população soteropolitana. O ambulante Adailton Santos passa pelo local todos os dias e notou a diferença. “Essas pilastras foram pintadas para homenagear a nossa cultura. Dá gosto de ver”.
Secom