Proteger os recifes de corais da Baía de Todos-os-Santos e a biodiversidade marinha tem sido o desafio de uma equipe de 10 pesquisadores de três universidades brasileiras, junto a Secretaria do Meio Ambiente (Sema), o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), a Capitania dos Portos da Marinha e a Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (Coppa). O grupo de trabalho embarcou rumo a Itaparica, nesta quarta-feira (8), para a segunda etapa de um experimento que pretende eliminar um octocoral invasor, da espécie ‘chromonephthea braziliensis’, da Baía de Todos-os-Santos.
A experiência dos mergulhadores e pescadores nativos da Ilha de Itaparica, na observação dos corais, foi o que possibilitou a identificação do coral invasor, em 2023, e do experimento no final de dezembro de 2024. Segundo Tiago Porto, superintendente de Políticas e Planejamento Ambiental da Sema, uma das principais preocupações da pasta é em relação a extinção de algumas espécies marinhas e do impacto na pesca de subsistência.
“Esse octocoral é uma espécie do oceano Índico, da região de Singapura. Quando ele aparece em um ambiente que está em equilíbrio, pode acabar com espécies marinhas que fornecem alimentos para peixes e animais de pesca da região. Além de ocuparem espaços, competindo com espécies nativas de corais. Isso desequilibra todo o ecossistema”, explicou Porto, acrescentando que a principal evidência, indica que os corais chegaram à Bahia por meio de incrustação em plataformas de petróleo do litoral do Rio de Janeiro.
Pescador subaquático há mais de 30 anos, Xandinho Domício, de 61 anos, observou os primeiros corais ainda no começo da instalação das colônias.
“Quando comecei a notar esses corais, eles eram muito pequenos, branquinhos. Eles se espalham mais em lugares de pedra, com concreto. Então, eles acharam uma brecha, aqui, e agora tá tudo tomado. E espantaram os peixes! Antes encostava robalo grande, tainha. Os peixes estão sumindo!”, lamentou Xandinho.
Durante a ação de monitoramento dos testes, para eliminação dos octocorais, foram analisadas reações nas amostras das colônias em contato com sal azedo, vinagre, água doce e aquelas removidas manualmente, com espátula.
Uma das pesquisadoras do grupo Tatiane Aguiar, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), apontou para resultados no manejo com sal azedo e na remoção manual. “A gente começou o experimento no dia 22 de dezembro. A gente veio aqui com sete dias, já analisamos alguns resultados, e agora, com 15 dias, podemos adiantar que o tratamento com sal azedo e o tratamento manual, de raspagem, são os mais efetivos até agora. Onde a gente raspou, está liso, como estava quando a gente terminou de fazer, e o sal azedo está, inclusive, limpando as pilastras. São resultados preliminares, não são resultados conclusivos, porque a checagem será de 30 dias”, compartilhou a pesquisadora, após mergulho e averiguação das amostras.
O trabalho segue até o dia 4 de fevereiro, quando poderão ser iniciadas as operações para remoção efetiva dos octocorais. Toda a pesquisa e processo de remoção das colônias estão sendo feitos em parceria também com a organização socioambiental Pró-Mar e o Senai-Cimatec. Pesquisadores das Universidades Federal de Alagoas e de São Paulo
As licenças ambientais estão sendo emitidas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), pela Sema e o Inema, considerando que os recifes afetados estão localizados em Áreas de Preservação Permanente (APP) e em uma Unidade de Conservação Estadual, a Área de Preservação Ambiental (APA) Baía de Todos-os-Santos.