Um estimulante sexual clandestino conhecido como “melzinho do amor” está fazendo sucesso entre muitos jovens e adultos de Salvador. Em teoria composto de mel, própolis, agrião, guaco e pó de caviar, o produto tem sido anunciado como sendo 100% natural. Contudo, na verdade, embora não conste no rótulo da embalagem, já foi comprovado que um dos seus ingredientes é o citrato de sildenafila, um dos componentes presentes no viagra. O “mel”, que de tanto sucesso virou até funk, começou a circular nas festas clandestinas realizadas em meio à pandemia de Covid-19. Vendido em sachês ou caixas com 12 unidades através de sites e aplicativos, o produto também é conhecido como “mel árabe”.
Famosos como o ex-jogador de futebol Vampeta, o comediante Sérgio Malandro e o Mc Kevin, que faleceu recentemente, chegaram a elogiar a novidade. Entretanto, segundo o urologista Frederico Mascarenhas, as substâncias presentes no melzinho não são homologadas junto à Anvisa. “Não temos como medir a dosagem de citrato de sildenafil presente no composto e a procedência bastante duvidosa do produto nos leva a crer que ele pode trazer graves danos à saúde do consumidor”, declarou o médico dos Hospitais São Rafael e Aliança (Rede D’or), integrante do Robótica Bahia – Assistência Multidisciplinar em Cirurgia.
Além do risco de redução exagerada da pressão arterial, se combinado com medicamentos para diabetes, pressão arterial alta, colesterol elevado ou doenças cardíacas, o consumo do “melzinho do amor” pode gerar outros efeitos adversos. “Queda abrupta da pressão e consequentemente efeitos adversos dessa queda, como derrame cerebral, infarto no miocárdio ou até mesmo quedas decorrentes de tonturas ou desmaios, com traumas no crânio, podem ocorrer como consequência do consumo do produto”, explicou o especialista.
Quando a indicação para a impotência sexual é o tratamento medicamentoso, a droga prescrita pelo urologista deve ser, necessariamente, reconhecida pela Anvisa. Um dado curioso sobre o “mel do amor” é que ele tem sido usado também por mulheres, o que parece estranho, já que supostamente o tratamento é voltado para facilitar a ereção nos homens. Obviamente, que também para elas pode haver comprometimento da saúde. “A disfunção erétil tem diversas formas de tratamento e qualquer medicamento só deve ser consumido mediante recomendação médica. É muito melhor que seja assim, para o bem de todos”, concluiu Frederico Mascarenhas.