A estudante de 20 anos Natália dos Santos Ramos, moradora de Salvador, diz ter sido assediada e agredida por um cobrador de ônibus do transporte público na noite de segunda-feira (31), na capital baiana.
Ela denunciou o caso, por meio das redes sociais, e afirma ter registrado queixa na Polícia Civil. A empresa Concessionária Salvador Norte, que é responsável pela operação da linha do coletivo, informou que apura o caso e irá colaborar com a investigação policial.
Natália conta que embarcou no coletivo da linha Daniel Lisboa R2/ Barra R2, no bairro do Campo Grande e, assim, que entrou, já foi assediada pelo homem. “Ele me chamou de gostosa, ficou olhando para minhas partes íntimas e dizendo: ‘Para quê isso tudo aí?’, daquele jeito que os homens falam”, conta. A jovem diz que inicialmente não respondeu ao assédio e ficou sentada próximo ao cobrador, porque ele prometeu dar o troco da passagem que estava faltando. Mas ela afirma que o cobrador continuou o assédio.
“Eu falei: ‘Dá pra você parar de ficar dando em cima de mim?’. Ele respondeu: ‘Olha o tamanho do seu short, se você não quisesse ouvir, não usava. Tá achando ruim, não use mais essa roupa’. Eu fiquei com raiva e bati naquela mesa do cobrador e disse: “Não é porque estou com essa roupa que estou pedindo para você dar em cima de mim. Na discussão, ele me chamou de p***”, conta. Ela conta que, depois disso, chegou a puxar a camisa do cobrador.
Jovem prestou queixa do caso na 1ª DT (Foto: Natália dos Santos Ramos/Arquivo Pessoal)
A estudante conta que pediu para que o motorista do ônibus parasse o veículo em uma delegacia para que ela prestasse queixa sobre o assédio, mas o pedido não foi atendido. Segundo a jovem, no percurso da viagem do ônibus, o veículo teria passado em frente à 1ª Delegacia Territorial, no bairro dos Barris, mas ainda assim o motorista não parou o coletivo.
Natália resolveu gravar, com o celular, um vídeo em que mostra o cobrador também filmando ela com o aparelho dele. “Pode gravar minha cara, estou com short curto mas não estou pedindo para ouvir desaforo, não”, diz a jovem no vídeo. A jovem afirma que ele chega a dar um tapa no braço dela durante a gravação.
Quando a estudante chegou em casa, diz que fez o desabafo nas redes sociais, mas não imaginou que fosse ocorrer repercussão do caso. A postagem ganhou mais de 100 compartilhamentos e mil curtidas. “Eu não posso, nem vou deixar isso barato. Eu sou mulher e tenho todo o direito de usar a roupa que eu quiser. Nós mulheres não podemos aceitar esse tipo de coisa. Não queiram passar pelo que eu passei nessa noite”, postou a jovem.