Cinco estudantes do curso de Análises Clínicas do Centro Territorial de Educação Profissional (Cetep) do Sisal II, no município de Araci, desenvolveram um projeto inovador para a criação de sacolas de bioplástico a partir do sisal, matéria-prima encontrada em abundância na região. Esta foi uma solução envontrada para a diminuição do impacto que outros produtos não degradáveis causam ao meio ambiente. A educação, através da iniciação científica, em uma escola do interior da Bahia, promove uma verdadeira transformação na vida de toda a comunidade e dos alunos Gabriel Carvalho Silva, Nícolas Pimentel e Êdrian Santana, todos com 16 anos, e Taila Carvalho de Jesus, 17 anos. Protagonistas dessa mudança, eles se sentem cada vez mais engajados e incentivados a desenvolverem outros projetos.Sob a orientação da professora Pachiele Cabral, o grupo de estudantes considera que um conjunto de fatores foi determinante para que a ideia, iniciada em outubro de 2023, saísse do papel e seguisse com debates em sala de aula, pesquisas e observações do cotidiano sobre a quantidade de descarte de lixo de forma inapropriada no meio ambiente. “O sisal é nosso ouro local. Por ser um material sustentável, além de não agredir o meio ambiente, garante também o baixo custo de produção e incrementa a economia da região, agregando valor ao produto”, ressaltou a educadora, se referindo à planta bastante comum no Nordeste do Brasil, amplamente utilizada na produção de cordas, tapetes e outras peças têxteis.Ainda segundo a professora, os depoimentos dos pais e de outros professores sobre o quanto essa experiência transformou a vida dos alunos demonstram também o quanto a Ciência abre portas. Ela ressaltou que os alunos encontraram uma alternativa mais ecológica ao plástico comum, de origem fóssil. “Uma grande vantagem é que eles são menos persistentes no meio ambiente, podendo ser biodegradados por bactérias, algas e fungos, que os convertem em biomassa, dióxido de carbono e água, não gerando microplásticos”, explicou.Única representante feminina do grupo, Taiala avalia que sua participação no projeto foi muito interessante, assim como exigiu muito esforço. “Não é a primeira proposta de uma sacola biodegradável no mercado, mas o projeto foi algo desafiador porque apenas 3% do sisal é aproveitado na produção de fibras. O restante é desperdiçado e descartado. Com isso, mostramos que é possível aproveitar mais ainda o produto que existe em grande quantidade no nosso Estado com algo possível de ser utilizado no dia a dia. Foram muitas tentativas, tivemos que rever exaustivamente a metodologia até que conseguimos chegar em um nível de qualidade que consideramos ideal”, explica.O próximo passo, antes de iniciar o processo de fabricação, será a realização de testes de qualidade para entregar ao consumidor um produto sustentável, de alta performance e que beneficie o meio ambiente. De acordo com a professora Pachiele Cabral, o bioplástico do sisal possui potencial para se transformar em fertilizantes, contribuindo ainda para práticas ecologicamente mais responsáveis.Outras iniciativas – Em 2022, cinco alunos dessa mesma unidade de ensino desenvolveram um projeto que foi premiado nacionalmente, também sob a orientação da professora Pachiele Cabral, para a produção de luvas mais sustentáveis, utilizando o sisal. Os estudantes Adrielle Pietra, Isabel Silva, Luan Santos, Maria Isabella e Sarah Moura encontraram a solução sem a necessidade de irem muito longe para conseguir a matéria-prima, que é encontrada com grande facilidade na região onde moram. Além de prêmios na Feira Brasileira de Ciência e Tecnologia (Febraci), na Universidade de São Paulo (USP), o projeto conquistou destaque como a escolha do júri popular na edição brasileira, realizada pela empresa Samsung.