Estudantes secundaristas fazem na manhã de hoje (18) na capital paulista um protesto contra a reforma do ensino médio. Após concentração no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), o grupo segue animado por tambores, interrompendo o trânsito na Avenida 9 de Julho.
Com faixas e bandeiras, a passeata deve ir até a Secretaria de Educação, na Praça da República, no centro. O trajeto foi definido em assembleia no início do ato. Nesse momento também foi feito um manifesto conjunto dos estudantes condenando o corte de disciplinas no currículo obrigatório, a privatização da gestão de escolas e a Proposta de Emenda Constitucional 241, que estabele um limite para os gastos públicos.
A reformulação do ensino médio entrou em vigor no último dia 22 de setembro a partir de uma medida provisória (MP) assinada pelo presidente Michel Temer. Além da flexibilização dos currículos, está previsto um aumendo gradual da jornada escolar. As mudanças já estavam em discussão no Congresso Nacional no Projeto de Lei 6.480/2013 e agora voltam em formato de MP, com o prazo de 120 dias para ser votada.
“Juntas [PEC e MP] elas são uma precarização geral do ensino”, diz Lilith Passos (16 anos), estudante do 2° ano do ensino médio. “Vão contra tudo o que a gente lutou nas ocupações no ano passado”, acrescentou em referência ao movimento em que os secundaristas paralisaram as atividades em diversas escolas contra a reorganização escolar proposta em 2015 pelo governo de São Paulo. A ideia, abandonada após os protestos, previa o fechamento de estabelecimentos de ensino e a realocação de milhares de alunos.
As mudanças no currículo vão, na opinião da estudante Biana Politto, reduzir o espaço para fazer reflexões na sala de aula. “Eles querem tirar as matérias que mais fazem a gente ter um pensamento crítico”, reclamou a jovem de 18 anos, aluna do ensino técnico. Pelo texto elaborado pelo governo, as disciplinas obrigatórias serão discutidas em paralelo dentro da Base Curricular Comum.
Para a estudante, o sistema de abrir opções para escolha dos alunos tem poucas chances de funcionar. “A gente sabe que as matéria que forem opcionais não vão ter mesmo. História era matéria obrigatória quando eu estudei. Mas praticamente não tive aula de história por falta de professor e outras coisas”, comparou.
Agência Brasil