O vírus chikungunya, transmitido por mosquitos das espécies Aedes aegypti e Aedes albopictus e responsável por mais de 900 mortes no Brasil desde que chegou ao país há cerca de dez anos, pode se espalhar pelo sangue, atingir múltiplos órgãos e atravessar a barreira hematoencefálica, que protege o sistema nervoso central.
A informação foi publicada em um estudo realizado por um grupo de pesquisadores brasileiros, americanos e britânicos, em um artigo publicado na última terça-feira (12) na revista Cell Host & Microbe, via Agência Fapesp. As constatações dos mecanismos de ação foram constatadas pela primeira vez em casos fatais.
Foram analisados dados relativos a 32 pacientes mortos. Foram acrescentados resultados de testes para a presença de CHIKV no organismo, informações laboratoriais e de autópsia. Em amostras de soro sanguíneo, líquido cefalorraquidiano e outros tecidos (como cérebro, coração, fígado, baço e rins), foram feitos exames de histopatologia (técnica que consiste em analisar, em microscópio, o tecido fixado em parafina), quantificação de citocinas (proteínas sinalizadoras secretadas por células de defesa), metabolômica (análise do conjunto de metabólitos presente no soro), proteômica (conjunto de proteínas).
Foram estudados também análises genômicas virais, além de reações em cadeia da polimerase por transcrição reversa em tempo real (RT-qPCR), técnica laboratorial que permite a detecção e quantificação precoce de vírus por meio de seu material genético.
Para efeitos de comparação, os cientistas analisaram também amostras e exames de outros dois grupos. Um era composto de 39 sobreviventes de infecção aguda por CHIKV e outro de 15 doadores de sangue (pessoas adultas sem nenhuma infecção e presumidamente saudáveis).
Bahia Notícias