O excesso de peso é um problema de saúde pois leva a um aumento do risco de se desenvolver doenças como câncer e diabetes. O crescimento no número de diferentes tipos de câncer tem sido associado com a epidemia global de obesidade. Um estudo publicado no periódico científico BMJ (British Medical Journal) sugere que a obesidade é causadora de 11 de 36 tipos de câncer.
O peso aumentado teria influência predominantemente em cânceres localizados em órgãos do sistema digestório e tumores relacionados com alterações hormonais em mulheres: esofágico, de cólon, reto, pâncreas, via biliar, mama, endométrio, ovário, rim, mieloma múltiplo (que atinge a medula óssea) e cárdia gástrica (parte do estômago).
“Outras associações [entre câncer e obesidade] podem existir, mas subsiste uma incerteza”, dizem os pesquisadores do estudo.
Para chegar a tal conclusão, os pesquisadores fizeram uma ampla revisão nos estudos já existentes sobre o tema. Dessa forma, indicaram se as evidências presentes nessas análises associando obesidade e desenvolvimento de câncer eram fortes ou fracas. Um modelo estatístico permitiu avaliar 95 análises que associavam sete diferentes índices de obesidade ao risco de se desenvolver ou morrer de 36 tipos de câncer e seus subtipos.
Os pesquisadores descobriram que apenas 13% das análises apresentavam evidências fortes de associação entre câncer e obesidade. Nesses estudos, o excesso de peso foi associado ao risco de se desenvolver câncer de esôfago, cólon e reto em homens; de endométrio em mulheres antes da menopausa e de mama em mulheres após a menopausa; e de rins, via biliar, pâncreas e mieloma múltiplo em ambos os sexos.
Dessa forma, não há evidências conclusivas de que a obesidade causa tipos de câncer como o de tireoide, fígado, próstata, pulmão, pele, leucemia, dentre outros. “Como a obesidade se torna um dos maiores problemas de saúde pública em todo o mundo, a evidência da força das associações entre obesidade e câncer pode permitir uma seleção mais fina de pessoas em alto risco para estratégias de prevenção”, afirma o estudo.
O aumento do risco de se desenvolver câncer para cada 5 kg/m² a mais de massa corpórea varia de 9% (para o câncer de reto entre homens) a 56% (para o tumor na via biliar).
No caso das mulheres, o risco de câncer de mama após a menopausa aumentou em 11% para cada 5 kg/m² de ganho de peso na idade adulta (em casos em que a mulher nunca havia feito reposição hormonal), e o risco de câncer de endométrio aumentou em 21%.
Fatores de risco de câncer diferentes do excesso de peso, como tabagismo e uso de terapia de reposição hormonal, foram controlados para não interferirem nas conclusões. Cinco associações adicionais foram apoiadas por fortes evidências quando outras medidas de excesso de peso foram incluídas: ganho de peso com câncer colorretal; índice de massa corporal com câncer na vesícula biliar, cárdia gástrica e ovário; e mortalidade por mieloma múltiplo.
Câncer e obesidade
De acordo com a pesquisa, o câncer é uma das principais causas de morte em todo o mundo, com cerca de 12,7 milhões novos casos e 7,6 milhões de mortes por ano.
Já o número de pessoas obesas e com sobrepeso aumentou de aproximadamente 857 milhões em 1980 para 2,1 bilhões em 2013. A prevalência da obesidade em todo o mundo mais do que duplicou entre as mulheres e triplicou entre os homens nas últimas quatro décadas.
uol