Os Estados Unidos em breve vão apresentar um cronograma à Coreia do Norte com “pedidos específicos” para Pyongyang, anunciou uma autoridade do Departamento de Defesa americano nesta segunda-feira. A medida vem como parte da implementação das promessas feitas na cúpula entre o presidente americano, Donald Trump, e o líder norte-coreano Kim Jong-un no início de junho.
O funcionário do governo falou sob condição de anonimato a um grupo de repórteres antes de uma viagem do secretário de Defesa, Jim Mattis, à Ásia nesta semana. Ele não deu detalhes, mas sugeriu que o cronograma sustentaria uma rapidez para esclarecer o nível de comprometimento da Coreia do Norte com a desnuclearização.
— Saberemos muito em breve se eles vão operar em boa fé ou não — disse a autoridade. — Haverá pedidos específicos e haverá um cronograma específico quando apresentarmos à Coreia do Norte nosso conceito do que deve ser a implementação do acordo da cúpula.
Trump recebeu críticas de analistas de segurança nacional devido ao acordo firmado com Kim, pois continha poucos detalhes sobre como a Coreia do Norte deve proceder à extinção de suas armas nucleares e mísseis balísticos. O secretário de Estado, Mike Pompeo, disse na semana passada que provavelmente viajaria novamente à Coreia do Norte para tentar avançar nos compromissos sustentados na cúpula.
MATTIS FAZ GIRO PELA ÁSIA
No encontro em Cingapura, o primeiro entre líderes dos dois países, Kim reafirmou seu compromisso em avançar à desnuclearização completa da Península Coreana, equanto Trump anunciou a suspensão de exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul, o que chamou de “jogos de guerra” que são vistos como provocação pelo regime norte-coreano.
No domingo, Mattis, prestes a embarcar em uma viagem que inclui paradas em China, Coreia do Sul e Japão, disse que a orientação de Trump de suspender as ensaios militares conjuntos se aplicam não apenas aos planos de agosto, com a operação “Guardian Freedom”, mas também a outros programas de treinamento menores com a Marinha sul-coreana.
— Os amplos exercícios conjuntos foram suspensos. Veremos se as negociações contínuas os mantêm assim — indicou Mattis na Base Aérea Eielson, no Alaska, acrescentando que está em contato frequente com Pompeo.
RELAÇÃO HOSTIL COM JAPÃO
A Coreia do Norte vai continuar a ignorar o Japão a menos que o país interrompa as hostilidades contra o regime, como ensaios e reforços militares, indicou a mídia estatal norte-coreana nesta segunda-feira. O Japão elogiou a cúpula, que viu como o primeiro passo para a desnuclearização da Coreia do Norte, mas também disse que os exercícios entre Washington e Seul são um elemento dissuasivo vital contra as ameaças norte-coreanas. No ano passado, Pyongyang lançou dois mísseis que sobrevoaram o Japão e realizou seu sexto teste nuclear.
Diante da ameaça, o governo japonês tem se mostrado cético quanto ao processo de abertura diplomática da Coreia do Norte, e pode exigir que o regime de Kim Jong-un se comprometa a resolver questões diretas com o Japão, como o sequestro de cidadãos nos anos de 1970 e 1980.
“Se o Japão não corrigir suas ambições quanto à paz e à segurança, deve perceber o resultado final no qual o Japão é inevitavelmente passado para trás”, disse a agência norte-coreana KCNA. “O Japão deve interromper seus exercícios militares de grande escala e o impulso à capacidade militar para atacar, descartar suas políticas hostis contra nós, quebrar o passado e mostrar sua sinceridade em relação à paz”.
A KCNA não fez menção aos sequestrados. Em 2002, a Coreia do Norte admitiu que sequestrou 13 japoneses nos anos 1970 e 1980, sendo que cinco voltaram ao Japão. O premier japonês, Shinzo Abe, prometeu não descansar enquanto os outros não voltarem também, e pressionou Trump a tratar sobre o assunto na cúpula de Cingapura.
COREIA DO NORTE NA PAUTA
Espera-se que a Coreia do Norte seja um dos principais assuntos abordados por Mattis em suas reuniões com autoridades na China. Em seguida ele vai à Coreia do Sul e termina o giro internacional no Japão em 29 de junho.
Na semana passada, o presidente chinês, Xi Jinping, recebeu o norte-coreano Kim Jong-un. De acordo com informações veiculada na mídia local, os dois alcançaram um consenso sobre a desnuclearização da Península Coreana após debaterem sobre os resultados da cúpula Trump-Kim.
Pompeo disse à imprensa em uma visita a Seul este mês que assumiria a linha de frente do processo de negociação com a Coreia do Norte após a cúpula. Ele disse que os EUA esperam alcançar a maior parte do desarmamento norte-coreano em até dois anos e meio, ainda durante o primeiro mandato de Trump, que acaba em 20 de janeiro de 2021.