Ex-deputado federal teve a prisão domiciliar revogada pelo ministro Alexandre de Moraes
O ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) trocou tiros com agentes da Polícia Federal na manhã deste domingo, 23. O político disse que não atirou para atingir os agentes, que os disparos foram contra a viatura e perto dos policias. Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, uma policial ficou ferida e foi levada para o hospital.
O ministro do STF Alexandre de Moraes revogou a prisão domiciliar de Roberto Jefferson por ‘descumprimento de medidas cautelares’. No sábado, o presidente do PTB divulgou ofensas contra a ministra Cármen Lúcia. Em vídeo publicado pela sua filha, ele xingou a magistrada e a comparou com ‘prostitutas’, ‘arrombadas’ e ‘vagabundas’.
“Eu não vou me entregar. Eu não vou me entregar porque acho um absurdo. Chega, me cansei de ser vítima de arbítrio, de abuso. Infelizmente, eu vou enfrentá-los”, afirmou Jefferson em vídeos divulgados nas redes sociais.
“Mostrar a vocês que o pau cantou. Eles atiraram em mim, eu atirei neles. Estou dentro de casa, mas eles estão me cercando. Vai piorar, vai piorar muito. Mas eu não me entrego”, afirmou.
Prisão
Roberto Jefferson foi preso em agosto de 2021 por ameaças aos ministros do STF, com vídeos em que empunhava armas. Ele ficou no Complexo Prisional de Gericinó, em Bangu, no Rio, mas foi transferido em janeiro deste ano para a prisão domiciliar. A defesa alegou que ele estava com a saúde fragilizada.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou que o ex-deputado federal e ex-presidente voltasse para a cadeia após ter descumprido as condicionantes de sua prisão domiciliar.
Na última semana, Jefferson apareceu em um vídeo publicado pela filha, a ex-deputada Cristiane Brasil, proferindo ofensas contra a ministra Cármen Lúcia, do STF. O petebista comparou a ministra com uma “prostituta” por ter acompanhado o voto do ministro relator, Alexandre de Moraes, à transmissão de declarações falsas contra Lula, candidato do PT à presidência, pela rádio Jovem Pan.
O ex-deputado é investigado no inquérito que apura a atuação de uma organização criminosa que teria atentado contra a Democracia e as Instituições brasileiras.
Jefferson também foi condenado por participação no esquema do Mensalão em novembro de 2012, a 7 anos e 14 dias de prisão pela venda de votos. Três anos depois, ganhou a liberdade condicional. Em 2008, em audiência na Justiça, confessou ter recebido R$ 4 milhões do esquema.
Granada
Em nota divulgada na tarde de hoje (23), o Ministério da Justiça e Segurança Pública detalhou que dois policiais federais foram feridos por estilhaços de granada quando cumpriam ordem de prisão contra o ex-deputado Roberto Jefferson, na cidade de Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro. O explosivo foi arremessado pelo próprio político, de acordo com o texto.
Segundo o ministério, os agentes, que não tiveram seus nomes divulgados, foram levados imediatamente ao pronto socorro e, após o atendimento médico, ambos foram liberados e passam bem.
A Polícia Federal reforçou a equipe que busca cumprir o mandado de prisão, e os policiais permanecem no local, onde Roberto Jefferson já cumpre prisão domiciliar. Além disso, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro deslocou agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do 38º Batalhão (Três Rios) para darem apoio à PF caso seja necessário.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, decidiu que Jefferson deve voltar à prisão preventiva pelo descumprimento das medidas cautelares impostas, como não postar nas redes sociais. Na última sexta-feira (21), em vídeo publicado na internet, Jefferson atacou a ministra Carmen Lúcia, referindo-se a ela com palavras de baixo calão.
Por meio das redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro informou que determinou a ida do Ministro da Justiça, Anderson Torres, ao Rio de Janeiro, para acompanhar o andamento do que considerou um lamentável episódio. Já Torres escreveu que o ministério “está todo empenhado em apaziguar essa crise, com brevidade, e da melhor forma possível”.
Em vídeos gravados dentro de sua casa, Jefferson mostra, por meio da câmera de segurança, a chegada dos policiais à entrada de seu terreno e diz que vai “enfrentá-los”. Em um segundo vídeo, o político exibe a viatura da PF com o para-brisa baleado e diz que houve troca de tiros.
Fora de sua casa, Jefferson filmou outro vídeo em que afirma que “não atirou em ninguém para pegar”. “Atirei no carro e perto deles”, disse ele, acrescentando que não vai se entregar.