Uma ex-funcionária do Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Casa) de Praia Grande II, denunciou uma série de maus-tratos aos adolescentes que estão recolhidos nesta unidade. Os abusos incluiriam espancamentos, privação de comida e humilhações.
Os maus-tratos teriam ocorrido com o conhecimento do diretor da unidade, Reinaldo José Michelotti.
Em um vídeo de 1 minuto e 36 segundos, a ex-funcionária, que não se identificou por razões de segurança, narra como os internos que ingressavam na unidade passariam por rituais de batismo, que incluiriam espancamentos e situações degradantes.
“Muitos deles (agentes) pegavam restos de comidas de outros meninos e ofereciam para aqueles garotos comerem restos de comida de outros meninos”, denuncia.
No relato, a ex-servidora também informa que os castigos eram sistemáticos. “Toda a última sexta-feira do mês, eles passavam por um procedimento de revista e eram levados até a quadra, levados com escudo e cassetetes. Eles eram espancados lá em cima. De onde nós trabalhávamos, nós escutávamos tudo, os gritos”, afirma.
A unidade II da Fundação Casa de Praia Grande tem capacidade para 56 internos e atualmente abriga 47 adolescentes, segundo a instituição. O local é destinado para adolescentes infratores em situação de internação provisória e internação para cumprimento de medida socioeducativa.
Em nota, a Fundação Casa afirmou que “não tolera qualquer tipo de desrespeito aos Direitos Humanos, em especial, no trato de adolescentes em medidas socioeducativas, bem como não compactua com eventuais práticas de maus-tratos em seus centros”. Afirmou também que “caso seja comprovado qualquer tipo de agressão, os envolvidos serão processados e podem ser demitidos por justa causa”.
O diretor da unidade Praia Grande II, Reinaldo José Michelotti, foi procurado, mas não quis se manifestar.
Histórico
A mesma unidade já foi alvo de denúncias de superlotação e agressões. Em 2012, foram registradas 4 rebeliões e fugas. Na época, a Promotoria da Infância e Juventude de Praia Grande chegou a pedir a interdição da unidade. Em 2015, foram registradas novas fugas, rebeliões e denúncias de maus-tratos.
R7