Um estudo feito com 2.000 americanos pela Slumber Cloud mostrou que 68% deles consideram a temporada de férias no final do ano um período estressante. A expectativa gerada nessa época é o que explica esse estresse, de acordo com a médica especialista em psicossomática e cirurgiã do aparelho digestivo Maria José Femenias Vieira.
“As pessoas criam muitas expectativas desnecessárias por conta das festas, presentes e esperam que as coisas vão melhorar no novo ano”, afirma.
Segundo a especialista, a situação é diferente do que acontece em festas comuns porque envolve o inconsciente coletivo e atinge várias pessoas ao mesmo tempo.
Encontros familiares e exageros na hora de consumir alimentos e bebidas alcoólicas também contribuem para o desequilíbrio mental e físico. Maria José lembra de uma situação recorrente durante seus plantões em hospitais no final do ano: atender pessoas após episódios de estresse.
“É como se fosse um surto. A pessoa chega desmaiada. Os exames não encontram nenhuma causa física. Depois, alguém vem contar que o paciente teve uma discussão com uma pessoa da família”, lembra a médica.
Maria explica que o estresse tem três fases: alerta, resistência e exaustão. ”Nessa época, a pessoa vive em alerta, que na verdade é para a nossa defesa e ocorre em situações de risco à vida. É como se o corpo estivesse preparado para uma agressão. Então, ela fica com taquicardia, ansiedade e pode suar frio”, descreve.
Essa reação do organismo também desencadeia outros sintomas, como dores de cabeça, na coluna e nos músculos.
“Como essa energia não é liberada imediatamente, porque não existe uma situação da qual seja preciso fugir, os sintomas persistem”, acrescenta.
O fato de não descarregar a energia também causa insônia, que afeta o corpo e pode desencadear doenças relacionadas à parte hormonal, segundo a médica. De acordo com a pesquisa, 57% dos americanos deixam de dormir durante o período de festas.
“O indivíduo se deita, mas a mente dele continua funcionando e pensando nas coisas que precisam ser feitas”, afirma a médica.
As compras estão em primeiro lugar dentre as causas de estresse na pesquisa — 65% dos entrevistados fizeram essa reclamação. Queixa que pode ser explicada pelo “estilo de vida americano”, que cria desejos de consumo, acrescenta Maria José.
“A pessoa quer mais ter do que ser. O marketing da indústria cria na mente da pessoa uma necessidade que ela não teria. Tudo isso desencadeia o estresse e pode ser motivo de frustração”, ressalta.
Rever prioridades e cuidar do corpo e da mente – com horas de descanso e alimentação saudável – são os conselhos da especialista para combater o estresse e começar o ano tranquilo.
R7