Diferente do resultado nacional, que a despeito da redução dos preços teve suas exportações impulsionadas pela quantidade recorde exportada, as vendas externas baianas tiveram um recuo de 18,9% no comparativo anual. O resultado foi puxado por uma queda de 11,8% nos preços como também pela redução no volume embarcado em 8%, principalmente de derivados de petróleo, que liderou as vendas externas baianas em 2022. No acumulado do ano, as vendas externas do estado alcançaram US$ 11,29 bilhões, bem abaixo dos US$ 13,92 bilhões do ano anterior.
No mês de dezembro, as exportações alcançaram US$ 1,07 bilhão, com crescimento de 6,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior (até então, apenas em fevereiro as exportações tiveram incremento mensal em relação a 2022). As informações foram analisadas pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia vinculada à Secretaria de Planejamento (Seplan), a partir da base de dados da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Depois de baterem recorde no ano passado, após o início da guerra no leste europeu, as commodities recuaram em 2023, com redução na demanda global fruto da desaceleração da economia mundial e das incertezas geradas pela fragmentação geoeconômica. Apesar da reação nas cotações do petróleo e de outras commodities nos últimos meses, os preços médios do setor de refino recuaram 19,7% no ano no comparativo interanual, enquanto que o volume embarcado caiu 21,4%.
Na liderança da pauta baiana de exportação, o volume embarcado do segmento de soja e derivados cresceu apenas 0,82%, enquanto que as receitas registraram recuo de 10,3%, todos no comparativo anual. No balanço de 2023, o setor agropecuário somou US$ 4,65 bilhões em exportações, com uma redução de 7% quando comparado a 2022, a despeito da safra recorde de grãos prevista no ano no estado.
Os produtos com maior crescimento nas exportações agropecuárias foram frutas (+46,5%) e milho (+57%). Em valores absolutos, o destaque é a soja e seus derivados, cujas exportações representaram 66,2% do total das vendas do setor.
Na indústria de transformação, as vendas despencaram 29,8%, alcançando US$ 5,33 bilhões em 2023. Os dois carros chefes do setor (refino e petroquímica) tiveram desempenhos muito abaixo do esperado. A queda no volume embarcado de derivados de petróleo no ano chegou 21,4% e as receitas caíram 36,8% a US$ 2,43 bilhões. Já o setor químico/petroquímico registrou recuo de 35,6% a US$ 977 milhões com queda também no quantum de 20,2%. O setor está vivendo em 2023 o seu pior momento em duas décadas. A crise econômica na Argentina, segundo principal destino das manufaturas baianas, também deu sua contribuição no recuo das exportações dessa categoria.
A indústria extrativa registrou a menor queda dentre os setores de atividade com um decréscimo de 0,85%, chegando a US$ 1,22 bilhão em exportações. A alta se restringiu aos metais preciosos (12,6%). No caso dos minerais, a quantidade exportada caiu 22,3%, e os valores exportados também diminuíram 12,4%. Os preços subiram 12,8%, puxados principalmente pelos estímulos para a economia chinesa.
Mesmo com uma queda de 4,1% no comparativo anual, a China permaneceu como principal destino dos produtos da Bahia. Essa redução foi motivada pelo fator preço, já que o volume embarcado caiu apenas 2% em relação ao mesmo período do ano anterior. A participação da China nas exportações baianas em 2023 foi de 28,4%.
IMPORTAÇÕES
As importações baianas em 2023 tiveram queda de 25%, somando US$ 8,51 bilhões, reflexo do processo de desaceleração da demanda doméstica, com redução de importação em todas as categorias de uso, com exceção dos bens de capital, que tiveram suave crescimento de 0,08% no comparativo anual.
A queda de importações, muito acima das exportações, é sinal de uma economia com baixo dinamismo, menos disposta a importar matérias primas, equipamentos e outros insumos produtivos. A atividade econômica interna concentrada no agronegócio e com pouca atividade industrial fez com que as importações diminuíssem além do esperado. Nas importações, quem pesa é a indústria de transformação. Como ela recuou, recuaram também as compras do exterior.
A queda das compras externas no ano, na comparação interanual, foi puxada pela menor compra de combustíveis (-29,4%) e bens intermediários (-24,6%), além de pelos preços menores, que se contraíram 20,1% e, em menor proporção, pela redução do volume desembarcado em 6,2%. Houve também movimentos atípicos de substituição de importações por maior oferta doméstica de alguns produtos, como o trigo, que teve redução nas compras em 40%
O saldo comercial do estado cresceu 8,3%, alcançando US$ 2,78 bilhões, favorecido pela redução maior das importações do que as exportações. Por sua vez, a corrente de comércio, soma de exportações e importações e considerado o principal indicador da dinâmica do comércio exterior, alcançou US$ 19,8 bilhões, com queda de 21,7% no comparativo interanual.