O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin autorizou nesta quinta-feira (9) a abertura de inquérito para investigar os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR), o ex-senador e ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) e o ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado por tentativa de obstrução da Operação Lava Jato.
A abertura de inquérito atende pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para quem o conteúdo de cerca de seis horas de conversas gravadas por Machado com os políticos demonstra motivação de estancar os avanços da Lava Jato “por meio de acordo com o Supremo Tribunal Federal e da aprovação de mudanças legislativas”. Os políticos negam as irregularidades.
Em comunicado, a PGR (Procuradoria-Geral da República) afirmou que “as manobras dos políticos para interferir nas investigações foram detalhadas por Sérgio Machado em acordo de colaboração premiada”.
Janot argumenta ainda que há “elementos concretos de atuação concertada entre parlamentares, com uso institucional desviado, em descompasso com o interesse público e social, nitidamente para favorecimento dos mais diversos integrantes da organização criminosa”.
Outra forma de obstrução, segundo o pedido de inquérito, consistia na redução de poderes do Judiciário e do Ministério Público mediante a realização de nova constituinte.
O inquérito autorizado nesta quinta-feira é o primeiro aberto por Fachin depois que ele assumiu a relatoria da Lava Jato no STF, após a morte do ministro Teori Zavascki.
Em junho do ano passado, Janot chegou a pedir a prisão de Sarney, Jucá, Renan e também do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, por atrapalhar as investigações, o que foi negado pelo ministro Teori Zavascki, então relator da Lava Jato no STF, que morreu em acidente de avião no mês passado.
Outro lado
O senador Romero Jucá nega que tenha tentado obstruir qualquer operação do Ministério Público e diz que a investigação e a quebra de sigilo do processo irão mostrar a verdade dos fatos.
Em nota, a assessoria de Renan Calheiros nega as acusações da PGR. “O senador Renan Calheiros reafirma que não fez nenhum ato para dificultar ou embaraçar qualquer investigação, já que é um defensor da independência entre os poderes. O inquérito comprovará os argumentos e do senador e, sem duvida, será arquivado por absoluta inconsistência.”, diz o texto.
R7