Conhecida por proporcionar grandes descontos para o consumidor, a Black Friday também é uma época em que acontecem muitos golpes e o principal deles é o desconto maquiado ou o falso desconto. “O falso desconto ou o desconto maquiado é um dos principais golpes. A metade do dobro. Eles aumentam o preço e depois dão um desconto correspondente ao aumento”, disse Fernando Capez, diretor do Procon-SP.
Capez ainda destacou que sites de empresas que não existem e falha na entrega de produtos são outras situações que as pessoas devem ficar atentas. “As empresas que não existem, ou seja, site não oficial. O estelionatário aplica um golpe e vende na internet um produto que ele não vai entregar. Outro problema muito comum são as empresas que têm o costume de falhar na entrega. Acontece estravio ou os produtos chegam danificados”.
De acordo com levantamento realizado pelo Procon-SP sobre a Black Friday de 2018, a maquiagem de desconto foi o principal problema reclamado pelos compradores com 145 denúncias (30,33%). Produto/serviço oferecido não disponível (19,87%), mudança de preço ao finalizar a compra (18,20%), pedido cancelado pela empresa após finalização da compra (16,53%), site intermitente (6,69%) e sites que não permitem pagamento via boleto bancário ou débito em conta (1,67%).
A expectativa do comércio, de acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, é de aumento de 18% nas vendas em relação a 2018.
Segundo a Konduto, empresa especializada em análise de fraude em transações online, quase 2% das compras na Black Friday do ano passado foram realizadas com cartões clonados e sexta-feira é o dia em que ocorrem mais ataques.
Dicas para prevenir os golpes
Segundo o executivo do Procon é importante fazer uma lista com quais produtos o consumidor pretende comprar. “Em primeiro lugar é importante ter uma lista antecipada dos produtos que o consumidor precisa comprar. Quando começar a Black Friday vai ser um bombardeio de publicidade em cima da cabeça e ele vai ser induzido a adquirir coisas que ele não precisa”, alerta Capez.
“Realizar uma pesquisa do preço desses produtos, mas nunca em sites que não possuem segurança. O consumidor vai receber muitas propagandas por redes sociais. Ele não deve considerar esse tipo de publicidade. Ele deve simplesmente ignorar e entrar nos sites de fornecedores oficiais. Ele deve pesquisar nesses sites de fornecedores oficiais, não apenas o preço do produto, mas o do frete também. Quanto sai o custo total da compra que ele vai fazer. É importante pesquisar no Procon a lista das empresas que têm restrição, que já apresentaram problemas”, aconselhou Fernando Capez
Ione Amorim, economista do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), ressaltou o cuidado que se deve ter com preços muito diferentes da média das outras lojas. “Ficar atento aos preços que estão muito fora da média dos valores praticados em outros estabelecimentos. Se esse preço é ofertado por uma loja que você não conhece, procure se informar sobre a reputação da empresa antes de consolidar a compra”, orienta.
“Outro ponto para ficar atento é ao período pós-Black Friday. Tem muitas ofertas que são descumpridas em termos de prazo, cancelamento de venda, compra por determinado preço e depois de alguns dias recebe um comunicado dizendo que a venda foi cancelada. Isso é uma publicidade enganosa, a empresa não tinha esse produto para entregar”, completou Amorim.
Marcus Garcia, VP de Produtos da FS, empresa de segurança digital, alerta para a segurança em dispositivos móveis, como os celulares. “Segurança digital é algo imprescindível atualmente, pois hoje tudo é resolvido com um celular nas mãos. São muitas informações e dados pessoais trafegando o tempo todo, sendo totalmente vulneráveis as ações de hackers ou quadrilhas especializadas em crimes com desvio de dados. Diante dessa triste realidade, as pessoas precisam levar mais a sério a questão da blindagem dos seus smartphones.”
Vítima de golpes
Diogo Araújo, designer gráfico, por duas vezes, em 2017 e 2018, foi vítima de golpes na Black Friday. Ele conta que seu cartão de crédito foi clonado nas duas oportunidades.
“Meu cartão já foi clonado três vezes. As duas primeiras foram na Black Friday. Eu usei o cartão na internet e observei que poucos dias depois estavam chegando mensagens que tais compras estavam sendo aprovadas. Eu estava recebendo essas mensagens mesmo sem fazer compras, eu estava com o cartão. Liguei para a empresa e eles disseram que provavelmente o cartão tinha sido clonado, bloquearam o cartão e depois de um tempo estornaram o valor que foi usado”, disse.
Diogo falou que estava comprando uma televisão e um aspirador de pó e não precisou entrar em contato com o Procon nem com a loja, somente ligou para a operadora do cartão.
O Procon aconselha as pessoas nessa situação a entrarem em contato, para que as providências sejam tomadas em relação à empresa responsável. Caso seja uma fraude, a polícia será acionada.
R7