Ele tem nome.
Danilo.
O lateral direito é uma grande preocupação de Tite.
A saudade deixada por Daniel Alves é algo mais do que concreto.
Apesar de veterano, o lateral do PSG, provoca saudade no fundo do peito do treinador. Sofreu um grave estiramento do joelho e não teve condições de disputar a Copa, onde seria titular absoluto. Teve de se submeter a uma reconstrução total do ligamento cruzado anterior. Ficará seis meses sem poder jogar.
Daniel Alves ainda é considerado, por muitos, aqui na Europa como o melhor lateral direito do mundo. Capaz de ser o desafogo dos times onde atua, se transformando em ponta direita, a cada contragolpe. Seu talento em bater na bola, nos cruzamentos, faltas ou chutes de fora da área, merece reconhecimento.
Aos 35 anos, o lateral tricampeão da Champions e tricampeão mundial de Clubes era titular absoulto da Seleção desde 2011. Neste período não surgiu ninguém com capacidade para sequer ameaçar sua posição.
Enquanto o país se perguntava o que aconteceria na Rússia se Neymar não pudesse jogar, Tite perdeu definitivamente Daniel Alves.
Além de seu potencial técnico, havia o lado da personalidade. Daniel era um dos grandes líderes do grupo. E o único entre todos os jogadores brasileiros com autoridade para poder cobrar Neymar. A amizade e o respeito, desde os tempos em que o atacante foi vendido pelo Santos e chegou ao Barcelona, prosseguem.
A obrigatória ausência na lista foi um problema também por esse ângulo.
A lateral direita é um problema crônico no futebol brasileiro. Mas, a princípio, o treinador se negou a fazer uma adaptação. E colocar Marquinhos na posição, atuando com três zagueiros, com Thiago Silva e Miranda do seu lado.
Restaram, quase por exclusão, Danilo e Fagner.
Os dois jogadores estão muito abaixo do potencial de Daniel Alves.
Tite ficou em dúvida. Primeiro, via Fagner como o reserva natural. Mas o lateral corintiano, além de mostrar timidez, exagerava na violência. E acabou se contundindo no início do trabalho da Seleção. Por isso, a chance caiu no colo de Danilo. O lateral do Manchester City não acreditava que esta oportunidade poderia surgir. E está claro que não se preparou para isso.
Contra Croácia e Áustria, seu futebol destoou dos demais titulares.
O Brasil passou a ter o setor direito defensivo fragilizado. E o ofensivo completamente prejudicado. Willian, Paulinho, Fernandinho (contra a Croácia) e Philippe Coutinho (diante da Áustria) tiveram de ajudar Danilo. O que não foi bom para a equipe brasileira.
Foi um defeito muito claro.
Além de não marcar bem e abdicar de atacar, Danilo estava temeroso com a bola nos pés. Ainda mais na saída de bola, que Tite proibiu a linha defensiva de dar chutões. Ele ofereceu um contragolpe excelente para os austríacos quando a partida estava em 0 a 0, ao errar um passse de forma infantil.
Tite quer, a partir de hoje, acertar o que fazer com Danilo. Ele precisa de uma resposta do jogador. Pretende fazer esse ajuste de forma tranquila, longe dos jornalistas. Se precisar cobrar de maneira mais forte para que o lateral reaja, o técnico poderá fazer à vontade.
E ele precisa reagir rápido.
Fagner, que começou a preparação da Seleção para a Copa contundido, está completamente liberado. E treinando cada vez melhor. É quase impossível pensar no corintiano roubando a vaga de Danilo já contra a Suíça, no domingo. Mas não seria um ultraje pensar no jogador como titular na Copa, se o lateral do Manchester City não reagir.
A situação é tratada com muita sutileza pela Seleção.
Para não haver um clima de caça às bruxas, antes mesmo de a Copa começar.
Mas o fraco futebol de Danilo é uma realidade.
Ele está completamente intimidado.
Seu bom futebol no Manchester City desapareceu.
Tite sabe melhor do que ninguém, que o Brasil precisa estar forte dos dois lados do campo, nesta Copa. Ainda mais para um treinador que cultiva as triangulações ofensivas pelo lado de campo. Algo que Willian não pôde fazer nos dois últimos amistosos. Por pura falta de companhia.
Fagner cansou de atuar assim no Corinthians de Tite.
A situação exige privacidade para ser resolvida.
E ela pode não existir, o que justifica as aspas no treino ‘fechado’. Da rua é possível avistar o campo que fica no estádio municipal de Sochi, onde o Brasil treinou ontem. E do hotel Parus, Gostinitsa é possível observar o segundo gramado, no Swissotel Sochi Kamelia.
A assessoria de imprensa quer que nenhum jornalista ouse observar o treino da Seleção. Mas deveria também impedir observadores de outras seleções que estão espalhados pela Rússia, para conseguir qualquer detalhe dos rivais.
Enquanto a CBF não tiver responsabilidade e escolher uma concentração realmente protegida para o Brasil, Tite não terá paz de espírito para trabalhar tranquilo.
E resolver problemas sérios de escalação.
Como é o caso de Danilo.
Ele não está suportanto o peso de substituir Daniel Alves.
Simples e cruel.
Como é a vida…
R7