Duas mulheres que se identificam como tia e avó do bebê que foi deixado na estação Fradique Coutinho do Metrô, da linha 4-Amarela, no dia 12 de março, pedem a guarda da criança na justiça e travam uma luta para provar que são parte da família do menino, que tem três meses.
O bebê foi encontrado depois que a mãe o deixou no banheiro da estação do Metrô. Depois, ele foi encaminhado para um abrigo pelo conselho tutelar da Lapa. De acordo com Simone Pereira da Silva, que afirma ser avó da criança, a mãe do bebê estava apresentando um quadro de depressão, mentiu sobre muitas questões e sumiu.
Recentemente, depois de abandonar a criança, a mãe teria voltado a procurar o bebê na delegacia e no abrigo, se dizendo arrependida. Para o conselho tutelar, ela teria dito que a avó da criança tinha morrido. Porém, Simone diz que quer cuidar do neto.
— Eu estou desempregada, mas a gente tem uma renda do meu pai, porque ele é aposentado. A gente não paga aluguel e isso ajuda bastante. Eu vou dar o que eu puder dar de melhor para ele. A gente tem muito amor e quer ver essa criança fora dessa situação.
Atualmente, o bebê continua em um abrigo. Porém, as parentes da criança precisam provar que têm laço sanguínio com o menino abandonado, mesmo tendo todos os documentos dele em mãos. Para isso, seria preciso fazer um exame de DNA, que comprovaria a relação de parentesco.
As duas mulheres, no entanto, alegam não ter condições financeiras de custear o exame.
De acordo com Ráyna Carolline da Silva, que se identifica como tia do bebê, no dia em que o menino foi abandonado, a irmã dela saiu de casa argumentando que iria em uma festa de aniversário. Ela levou algumas roupas da criança e não voltou mais. Desde então, ela afirma que não consegue mais entrar em contato com a irmã.
De acordo com a Polícia Civil, a jovem de 19 anos foi indiciada por abandono de incapaz. A Delpom (Delegacia de Polícia do Metropolitano) investigou o crime e ouviu a mulher, que confessou ser mãe do bebê ao procurar as autoridades.
Por meio de nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo) disse que “o delegado explicou que a moça foi liberada porque não foi flagrante e, de acordo com a lei, pela natureza do crime não cabe prisão temporária nem preventiva”.
A polícia aguarda imagens do sistema de segurança do Metrô e posicionamento do abrigo, onde está a criança. O Conselho Tutelar foi avisado.
De acordo com a assessoria de imprensa da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, o caso corre em segredo de Justiça. Porém, afirma que, de forma geral, o “ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) prioriza que as crianças permaneçam em sua família original (pai/mãe/irmãos) ou, quando não for possível, a família extensa (tios, avós, primos, etc…), de forma a manter a convivência e os vínculos familiares.
Com relação à identificação da família, a Defensoria diz que “vai depender do entendimento de cada juiz. Não existem requisitos específicos previstos em lei para isso. Alguns juízes aceitam o depoimento de testemunhas, outros vão analisar outras situações, alguns podem exigir o DNA”.
A mãe da criança não foi encontrada pela reportagem para comentar o caso.
R7